quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Cuide-se!

E então cá estou eu, iniciando mais uma jornada ao longo dessa página em branco e desse ano "novinho em folha"...

Vários foram os caminhos percorridos (por você que está lendo e por mim), mas esses caminhos nos trouxeram até aqui. Quantas coisas poderíamos falar sobre o que aprendemos? Quantos são os desejos e projetos que temos para este novo ciclo? O que a vida nos reserva? Quão dispostos nós estamos para fazer de nós, de nossas vidas e da realidade que nos cerca melhores?

Hoje abro essa página de reflexões para lembrar que leva algum tempo para realizar nossos projetos, mas mais importante do que os grandes projetos que temos são aqueles pequenos gestos que, realizados diariamente, nos fazem sentir bem, nos trazem leveza e a sensação de dever cumprido.

Então trago uma proposta  talvez ingênua e simples demais, mas que pode trazer uma dose de bem estar aos nossos dias (que provavelmente serão mais desafiantes daqui pra frente). Que tal dedicarmos uma hora de cada dia para algo que realmente queremos fazer? Buscarmos tempo em nossas agendas para cuidarmos de nós um pouquinho a cada dia?

A ideia é simples e a delicadeza que fazemos por nós trará alento ao nosso dia a dia. Hoje eu fiz cappuccino e comi com biscoitinhos e queijo. E você? O que você fez por você hoje? Pode ser uma meditação, uma atividade física, uma leitura, uma prece, ouvir música, assistir algo que te agrada, conversar com alguém, fazer um escalda-pés... não importa!

Ponha a mesa, use algo especial, faça um ritual. Às vezes a gente cuida tão bem dos outros, mas esquece de cuidar de si. Vamos, ainda dá tempo! Então se priorize, ponha-se no seu devido lugar e reverencie a sua importância. Lembre do seu bem estar e se proporcione quebrar a rotina e cuidar de si por alguns minutos, isso te fará bem, eu garanto.

Um bom ano para cada um de nós.
E que nosso propósito primeiro neste ano que se inicia seja o de descobrir, e praticar, o que nos faz bem. Que a mesma generosidade que oferecemos aos que amamos seja dedicada a nós mesmos... e que saibamos cuidar do que é essencial!

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

#eleNão

Em um país cujos dados relacionados a estupro revelam que 51% dos casos envolvem crianças/ adolescentes até 13 anos; dos quais 30% foram praticados por amigos ou conhecidos da vítima e, PASMEM, 24% pelo pai ou padrasto. Vem um escroto general aspirante a vice presidente falar que as famílias "chefiadas" por mães ou avós, cuja figura paterna é ausente, é desajustada. É com tristeza e asco que tomo conhecimento desses comentários criminosos. No Brasil não falta "moral ou bons costumes", falta vergonha na cara deles e nossa (que continuamos de alguma maneira dando poder a estes trastes). Vamos pensar bem, galera, que ainda dá tempo... Sair desse lugar confortável de analista político e olhar ao redor, com amor (que deveria ser o único mandamento dos religiosos) e empatia pelos demais. Pensar nas pessoas que estão em vulnerabilidade social, pensar em tantos grupos ditos minoritários que tem qualquer direito cerceado ou mediado por olhares discriminatórios, pensar na falta de perspectiva que assola o país e a nós mesmos. Daqui pra frente é nossa responsabilidade.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Bloqueio intelectual

Quanto mais eu penso nos tempos que vivemos, mais forte é a sensação de que vivemos uma época de bloqueio intelectual, sob os mais diversos aspectos da existência e experiência humana...

Primeiramente, podemos observar o acúmulo de atividades, de informações, de obrigações e disso decorre um intenso cansaço, desgaste e, em alguns momentos, colapso. Ficamos paralisados diante de tantos estímulos e não conseguimos respondê-los adequadamente.

Em outra instância, temos uma busca por explicar o cotidiano que se centra não mais na razão ou na ciência, mas em outros aspectos mais subjetivos, como espiritualidade, religiosidade, valores individuais e sensações experimentadas individualmente. Este fenômeno nos remete a um certo e
essencialismo, pois os processos sociais passam a ser reduzidos a apreensão do sujeito e de um subjetivismo, muitas vezes retirado de "teorias coaching".

Finalmente temos a deficiente formação escolar, que constrói sujeitos desprovidos da curiosidade investigativa, preguiçosos e acomodados ao trinômio: google - netflix - redes sociais, nós geralmente buscamos informações superficiais para as questões que surgem, mas dificilmente nos aprofundamos em quaisquer assuntos.

E esse bloqueio intelectual traz sérias consequências, que já são percebidas em nossa sociedade. Dentre as quais podemos destacar: apatia política, superficialidade nas relações, desinteresse acadêmico, desequilíbrio nos afetos, fanatismo religioso e a prevalência dos interesses do eu mediante o todo.

É preocupante observar que cada vez mais formamos pessoas desprovidas da capacidade de se enxergar como sujeitos de um processo histórico, responsáveis e implicados socialmente. E a apatia, incapacidade de refletir e buscar transformar a realidade que nos cerca faz com que sigamos por um caminho de pouco desenvolvimento, seja no âmbito social, político ou intelectual, propriamente.

Desbloquear a tela de um smarphone é simples, mas como podemos encontrar um mecanismo capaz de nos desbloquear. Como podemos reiniciar nosso sistema operacional e retomar a capacidade de enxergar um pouco além da nossa tela? Como podemos experimentar os aspectos humanos subjetivos sem esquecer as questões maiores que nos cercam e que precisam ser contempladas com nossos esforços?

Precisamos recordar que o ser humano é múltiplo e mover nossas ações para o encontro com essa múltipla complexidade. Se precisamos de uma experiência espiritual, se precisamos encontrar o sentido de nossas vidas, não devemos deixar de lado o aspecto coletivo de tudo aquilo que contempla nossa humanidade, pois como cantava Chico Science: "o homem coletivo sente a necessidade de lutar".

E, assim, não devemos fugir às lutas que devem ser lutadas. Não podemos parar de exercitar os músculos que dão sentido à nossa existência como sujeitos transformadores (não apenas de nós mesmos) da realidade que nos rodeia.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Segue o baile...

Há dias (meses) vejo a janela do blog aberta, mas não me ocorre escrever simplesmente nada... Mas ela está sempre lá, me lembrando meu silêncio, me cobrando uma justificativa...

Engraçada a relação que criamos com a tecnologia, mesmo com toda praticidade em tantos aspectos há tantos pontos negativos que é difícil chegar a uma opinião justa sobre seu uso.

Às vezes cansa ligar o computador e ler as mesmas informações em diferentes páginas. Ler idiotices por toda parte e se manter inalterado é um tipo de dom. Infelizmente, o comum é observarmos comentários maldosos, notícias falsas, preconceitos vomitados pela rede, e muito pouco podemos fazer para nos proteger.

No fim, resta o distanciamento. Aquela história de que "se não pode vencer o inimigo, junte-se a ele" não dá certo. Não consigo retrucar ou argumentar em várias situações do cyberespaço, muito menos entrar num consenso, minha saída quase sempre é abandonar a discussão (ou nem entrar nela).

Parece que, via de regra, é sempre mais útil ignorar ou fugir de certas pessoas e situações. Nestes tempos em que vivemos, manter a saúde mental vale mais do que convencer idiotas de sua idiotice. No mais, vida que segue...

sábado, 15 de abril de 2017

A roda gigante

Eu olho para minha vida, tento analisar as situações e a imagem mais lógica que me aparece como metáfora é a de uma roda gigante. Parece, muitas vezes, que vivemos presos em um ciclo - são altos, meios, baixos, meios e volta tudo outra vez.

E presa neste ciclo eu me vejo hoje. Sinto minhas forças esgotarem - um desfalecimento geral no meu corpo, na minha cabeça, nas minhas emoções.Qual é o sentido disso tudo? Se a vida tem a cor que a gente dá a ela, do que me adianta pintá-la com as mais bonitas cores se eu sempre vou estar presa a um ciclo de acontecimentos que se repetem e do qual não tenho controle?

Fugir, saltar, quebrar. Nada parece fazer sentido mesmo. E sempre que eu me deparo com possibilidades tão escassas de fazer algo novo em minha vida, ou de fazer de minha vida algo novo, sinto que a depressão me consome novamente. Sem ânimo, sem forças, sem esperança, apenas presa a um ciclo catastrófico e limitado de experiências, aprendizados e possibilidades de evolução.

E me questiono, de verdade, se estou aprendendo alguma coisa, se mais do mesmo é suficiente pra me fazer uma pessoa melhor. Eu começo a duvidar de tudo isso, porque afinal às vezes a sensação que eu tenho é que por mais que eu ande, nunca saio do lugar. Por mais que eu viva experiências diferentes, com pessoas diferentes, o rumo que as coisas tomam é sempre o mesmo.

Eu sofro, me firo, gasto minhas energias e quanto mais me debato, mais presa eu me sinto nessa roda gigante, que mais parece com aqueles equipamentos que se usam para treinar ratos em laboratório. E talvez esta seja uma imagem ainda melhor: eu, como um rato de laboratório, presa em um circuito infinito.

Quando será que a experiência termina e eu realmente ganho liberdade? A julgar pelos ratos, isso dificilmente acontece. A cobaia morre, exaurida, e a tese é provada ou não. Parece que o único motivo de eu estar aqui é pra provar a tese de alguém. E não há espaço para eu, para meus anseios, para minhas vontades.

Infinita é minha sede. Mas eu não acho que haja "água" suficiente para dissipá-la. No momento, quero ficar apenas só, nocauteada, jogada no vazio existencial que me suga. Como seguir adiante diante disso? Como seguir em frente se a cratera à minha frente parece ser tão maior do que qualquer capacidade que eu tenha para transpô-lo?