Último dia de um mês de dias conturbados. Parece que durou um ano tão longos foram esses dias. Tantas emoções vivenciadas. Tristeza, solidão, incompreensão, medo, angústia, inquietação, sofrimentos. Alegria, generosidade, gratidão, conquista, apoio, cumplicidade, reciprocidade, carinho, descobertas. Como li, em algum lugar, o carrossel nunca para.
Estou em um relacionamento depois de alguns anos sozinha, imagina o misto de felicidade e dor de cabeça? Pois é, nem tudo é simples quando se decide não estar sozinha. Compartilhar a vida é incrivelmente bom, mas isso não nos isenta de momentos desastrosos.
Estou estudando para uma prova, para ocupar um cargo público, que pode mudar minha vida. E mesmo tentando dar o meu melhor, depois de tantos anos sem estudar algumas coisas, é muito complicado correr contra o tempo, o cansaço e tantas outras obrigações cotidianas e me sentir preparada para concorrer com vinte mil candidatos inscritos.
Estou sentindo de um jeito novo o peso da idade, isto tem afetado a minha forma física, minha disposição em realizar algumas tarefas, a minha paciência e equilíbrio emocional, os meus projetos de vida adulta, entre outras "cositas" mais.
Estou em um dos piores momentos no trabalho. Indignada com tantas coisas erradas que vivem acontecendo, e sentindo que, diante das circunstâncias, por mais que eu faça o meu melhor, minha ação profissional naquele ambiente não fará muita diferença.
Estou assistindo o desenrolar de problemas familiares complicados e desagradáveis e me sentindo completamente atada diante das situações, sem poder alterar em nada a resolução dos acontecimentos.
E em meio a este turbilhão de coisas, não posso dizer que estou bem. Sinto-me sobrecarregada, perdida, confusa. É como se o mundo, de certa forma, desabasse todos os dias em minha cabeça e eu tivesse que, pacientemente, juntar todos os caquinhos remanescentes. Mas como?
Quase todos os dias a dor de cabeça vem como sintoma de que eu preciso desacelerar, cuidar mais de mim, mas como? Não tenho tempo. Não tenho ânimo. E o que me resta?
São momentos sufocantes em que por mais que eu busque uma postura positiva diante da vida, isso se torna mais encenação do que convicção. A tristeza vem e eu me deixo levar. As lembranças do passado vem para me fazer recordar que eu ainda sou a mesma de antes, que minhas dificuldades não se atenuaram tanto assim, que ainda tenho um longo caminho de aprendizados pela frente.
Então, preciso olhar para mim, diariamente, e ao menos tentar fazer um exercício de conscientização. De compreender a mim mesma e os meus motivos de estar mal, mas, ao mesmo tempo, de compreender que não posso "jogar a toalha" e desistir de tudo, simplesmente vivendo a vida no piloto automático.
Preciso estar atenta, presente e consciente. Preciso fazer valer cada decisão tomada. Preciso cuidar das pessoas com as quais escolhi compartilhar a vida, mas preciso cuidar também de mim. E são muitas responsabilidades, enfim. Quase sempre é complicado equilibrar todo esse peso numa bandeja e sair desfilando pelos salões da vida sem derrubá-la ou causar qualquer acidente.
É preciso ter coragem, sobretudo, para - a despeito de toda insegurança e medo de fracassar - tentar, tentar, tentar... Colocar o coração naquilo que faço. Colocar mais de mim. E não desistir de ser eu, não desistir de me entender e até de compreender meus bugs, ajudando-me a me aperfeiçoar. Porque eu acredito, por mais utópico que seja, que um dia a vida há de melhorar.
Enquanto isso, a luta continua. Uns dias com mais força, noutros sendo empurrada ladeira abaixo. Seguindo em frente, "porque pra trás não dá mais".
Abraço forte (com o pouco de força que me resta hoje), torçam por mim!
Darei notícias em breve! ^^
quinta-feira, 31 de março de 2016
terça-feira, 15 de março de 2016
Eu insisto.
Às vezes a vida da gente traz tantos desafios, tantas dificuldades, tantas dores... que ficamos, algum tempo, perdidos, sem saber o que fazer ou para onde ir.
Já faz alguns anos que repito a máxima de que a vida é um teste de paciência. Porque é realmente assim que eu me sinto. E mais, me parece às vezes que é como um jogo que, ao avançar o nível, aumenta proporcionalmente o grau de dificuldade.
E nesse percurso caótico de tragédia e recomeço, cabe a cada um traçar sua estratégia campeã. Fácil não é, mas entregar os pontos nunca foi uma escolha (minha). Assim, a gente sofre, se angustia, se descabela, mas também se descobre mais forte.
Parece que mesmo quando nos sentimos esgotados, resta um pouco de vontade de ver as coisas melhorarem, de fazê-las acontecer. E é isso que nos empurra adiante, muito além do que nos achamos capazes. Mais na frente, eu quero acreditar que, entenderemos o porquê das dificuldades que nos assolaram e poderemos sorrir mais completos, mais fortes e mais vitoriosos.
Por hoje, eu insisto.
Já faz alguns anos que repito a máxima de que a vida é um teste de paciência. Porque é realmente assim que eu me sinto. E mais, me parece às vezes que é como um jogo que, ao avançar o nível, aumenta proporcionalmente o grau de dificuldade.
E nesse percurso caótico de tragédia e recomeço, cabe a cada um traçar sua estratégia campeã. Fácil não é, mas entregar os pontos nunca foi uma escolha (minha). Assim, a gente sofre, se angustia, se descabela, mas também se descobre mais forte.
Parece que mesmo quando nos sentimos esgotados, resta um pouco de vontade de ver as coisas melhorarem, de fazê-las acontecer. E é isso que nos empurra adiante, muito além do que nos achamos capazes. Mais na frente, eu quero acreditar que, entenderemos o porquê das dificuldades que nos assolaram e poderemos sorrir mais completos, mais fortes e mais vitoriosos.
Por hoje, eu insisto.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
O que ninguém quer contar...
Esses dias tenho sentido fortes ondas de ansiedade. Aquele desconforto que nos lembra que é preciso olhar também para dentro, que é preciso parar, que é preciso cuidar de si. Hoje esse sentimento foi mais forte. E aquele aperto no peito me indicava que algo ruim estava por vir. E veio...
Assim como há um ano tive uma excelente surpresa, que foi a reaproximação com minhas irmãs. Agora a vida me traz a constatação, mais uma vez forte e dolorosa, que minhas companheiras de cativeiro sofrem. Ouvir o relato do sofrimento alheio é sempre difícil, trabalho com isso, mas é uma realidade com a qual não desejo ter uma relação naturalizada. Eu sofro e me desgasto na escuta dos usuários do serviço em que exerço minha profissão.
Porém, ouvir relatos de sofrimento de alguém tão próximo e não conseguir transpor o muro da impotência me faz muito mal. Sei que na maioria das vezes o simples fato de quem passa por dificuldades conseguir expressar sua dor já lhe traz alívio, contudo para mim, como família-ouvinte, não há semelhante sensação. A angústia toma conta e aperta o peito. Dói demais ver quem a gente ama se sentir mal e muito pouco ou quase nada poder fazer.
Observo, todavia, que o sofrimento pelo qual esta pessoa passa advém de sua escolha abnegada por cuidar dos outros em detrimento de si mesma e de permitir que os outros a tratem mal, a desrespeitem. Existe um dito popular segundo o qual: "Os outros nos tratam da forma que permitimos que eles nos tratem", isto é, nós somos diretamente responsáveis pela forma como somos tratados pelos outros, nós permitimos o desrespeito, o desamor, a injúria e a humilhação que nos dirigem.
Quando se está no meio de um momento de fragilidade é muito difícil perceber isso e, mais ainda, conseguir encontrar meios de transpor tal situação. Entretanto, cabe a nós esse papel de avaliar constantemente a forma com que as pessoas nos tratam, pois geralmente o abuso e o desrespeito tendem a se generalizar em nossas relações como sintomas de que algo em nós não está bem.
Às vezes precisamos estar cercados de amor, de reconhecimento por nossos atos nobres e altruístas. Precisamos preencher um modelo social que diz que devemos ser pessoas de família, com boa saúde e forma física, equilibrados psicológica e financeiramente. Enfim, devemos a todo custo preencher um padrão. O que poucos fazem é questionar se tal padrão se encaixa em sua vida, se lhe faz algum sentido ou se é só um eco que ressoa em seu autoconceito vazio.
Eu, pessoalmente, me entristeço sempre que vejo alguém sucumbir diante dos padrões de normalidade social e se prostrar ao "deus aparência" para encenar uma vida que não lhe pertence. Dói ver alguém humilhar outrem simplesmente por ver no outro os reflexos de um fracasso que é seu. Sei que muitas vezes é preciso descer ao fundo do poço e permitir que nos torturem e humilhem ao extremo para nos decidirmos a mudar.
Passei por algo assim e, em meio a uma relação familiar abusiva, tive de romper definitivamente o laço de convívio sociofamiliar com determinado parente. E ver essa história de abuso levar outra pessoa ao mesmo entristecimento que já experimentei me sufoca. E, assim como digo aos usuários do serviço em que trabalho, aos amigos que compartilham relatos pesados comigo, hoje eu tive de repetir a ladainha.
Diz a sabedoria das redes sociais que "Todo mundo que a gente encontra na vida está enfrentando uma batalha que você não sabe nada a respeito. Portanto, seja gentil com todos." E eu acredito que uma palavra gentil, uma preocupação autêntica, a tentativa de mostrar para quem está sofrendo suas qualidades e seu valor pode e vai aliviar sua carga.
Existem muitas situações complicadas acontecendo com pessoas que amamos neste momento. Talvez se conseguíssemos olhar com mais atenção, poderíamos lhes proporcionar algum tipo de auxílio. Ter alguém próximo sofrendo com os efeitos da depressão - como é o caso que relatei - é muito angustiante, mas é importante entender que não se trata tão somente de desânimo. E a depressão, como toda doença, requer tratamento.
Não é preciso ser super herói para ajudar, um pouco de empatia já faz muita diferença! :)
https://www.youtube.com/watch?v=VRXmsVF_QFY
Um forte abraço!
Assim como há um ano tive uma excelente surpresa, que foi a reaproximação com minhas irmãs. Agora a vida me traz a constatação, mais uma vez forte e dolorosa, que minhas companheiras de cativeiro sofrem. Ouvir o relato do sofrimento alheio é sempre difícil, trabalho com isso, mas é uma realidade com a qual não desejo ter uma relação naturalizada. Eu sofro e me desgasto na escuta dos usuários do serviço em que exerço minha profissão.
Porém, ouvir relatos de sofrimento de alguém tão próximo e não conseguir transpor o muro da impotência me faz muito mal. Sei que na maioria das vezes o simples fato de quem passa por dificuldades conseguir expressar sua dor já lhe traz alívio, contudo para mim, como família-ouvinte, não há semelhante sensação. A angústia toma conta e aperta o peito. Dói demais ver quem a gente ama se sentir mal e muito pouco ou quase nada poder fazer.
Observo, todavia, que o sofrimento pelo qual esta pessoa passa advém de sua escolha abnegada por cuidar dos outros em detrimento de si mesma e de permitir que os outros a tratem mal, a desrespeitem. Existe um dito popular segundo o qual: "Os outros nos tratam da forma que permitimos que eles nos tratem", isto é, nós somos diretamente responsáveis pela forma como somos tratados pelos outros, nós permitimos o desrespeito, o desamor, a injúria e a humilhação que nos dirigem.
Quando se está no meio de um momento de fragilidade é muito difícil perceber isso e, mais ainda, conseguir encontrar meios de transpor tal situação. Entretanto, cabe a nós esse papel de avaliar constantemente a forma com que as pessoas nos tratam, pois geralmente o abuso e o desrespeito tendem a se generalizar em nossas relações como sintomas de que algo em nós não está bem.
Às vezes precisamos estar cercados de amor, de reconhecimento por nossos atos nobres e altruístas. Precisamos preencher um modelo social que diz que devemos ser pessoas de família, com boa saúde e forma física, equilibrados psicológica e financeiramente. Enfim, devemos a todo custo preencher um padrão. O que poucos fazem é questionar se tal padrão se encaixa em sua vida, se lhe faz algum sentido ou se é só um eco que ressoa em seu autoconceito vazio.
Eu, pessoalmente, me entristeço sempre que vejo alguém sucumbir diante dos padrões de normalidade social e se prostrar ao "deus aparência" para encenar uma vida que não lhe pertence. Dói ver alguém humilhar outrem simplesmente por ver no outro os reflexos de um fracasso que é seu. Sei que muitas vezes é preciso descer ao fundo do poço e permitir que nos torturem e humilhem ao extremo para nos decidirmos a mudar.
Passei por algo assim e, em meio a uma relação familiar abusiva, tive de romper definitivamente o laço de convívio sociofamiliar com determinado parente. E ver essa história de abuso levar outra pessoa ao mesmo entristecimento que já experimentei me sufoca. E, assim como digo aos usuários do serviço em que trabalho, aos amigos que compartilham relatos pesados comigo, hoje eu tive de repetir a ladainha.
Diz a sabedoria das redes sociais que "Todo mundo que a gente encontra na vida está enfrentando uma batalha que você não sabe nada a respeito. Portanto, seja gentil com todos." E eu acredito que uma palavra gentil, uma preocupação autêntica, a tentativa de mostrar para quem está sofrendo suas qualidades e seu valor pode e vai aliviar sua carga.
Existem muitas situações complicadas acontecendo com pessoas que amamos neste momento. Talvez se conseguíssemos olhar com mais atenção, poderíamos lhes proporcionar algum tipo de auxílio. Ter alguém próximo sofrendo com os efeitos da depressão - como é o caso que relatei - é muito angustiante, mas é importante entender que não se trata tão somente de desânimo. E a depressão, como toda doença, requer tratamento.
Não é preciso ser super herói para ajudar, um pouco de empatia já faz muita diferença! :)
https://www.youtube.com/watch?v=VRXmsVF_QFY
Um forte abraço!
domingo, 14 de fevereiro de 2016
Finitudes
O ser humano é algo bastante complexo. Parece viver preso em dicotomias e contradições infindáveis. Parece sempre confuso e perdido entre escolhas: o presente X o futuro, a realidade X o sonho, o que se tem X o ideal. E sempre preso neste mar de possibilidades, esquece que, apesar da complexidade, é fundamental escolher, tomar partido, pois não se pode fugir a vida inteira.
Algumas pessoas crescem acreditando que tudo será fácil, que ao fazer sua parte todo o resto se resolverá, e aí a realidade mostra que nem sempre os frutos de nossas ações são imediatos, e, muitas vezes, a pessoa vai plantar laranja e colher banana. Não faz sentido algum.
Hoje eu estou realmente confusa, perdida em sentimentos, em aflições, me sentindo sozinha, me sentindo com medo. Minha gastrite dói, e dói mais ainda a sensação de bagunça que toma conta de mim.
O fato de eu me sentir oferecendo meu melhor gera um conflito dentro de mim, pois, erroneamente, me faz evocar o "falso direito"de receber mais. E isso é uma prisão doentia e perigosa. Primeiro porque não se deve dar o que quer que seja com a expectativa de obter algo em troca. Segundo porque nos relacionamentos esse tipo de cobrança tem geralmente o poder de atrair justamente o contrário. E quanto mais se cobra/espera, menos se recebe.
Eu sou orgulhosa, meus amigos que o digam. Eu não peço nada. E quando eu peço, pode ter certeza que é zoação. Ao mesmo tempo, sou de oferecer muito, seja em afeto ou em concretudes. E isso gera um déficit emocional gigantesco que nem terapia, nem reza, nem conselho, nem nada tem atenuado. Então, vivo em risco de criar um lugar de vítima, de coitadinha que tudo dá e nada tem, que, como a bíblia exemplifica, acredita tanto que será recompensada que doa tudo o que tem.
Hoje eu simplesmente invejo as pessoas egoístas. Na verdade essa inveja nem é de hoje. Me sinto encenando constantemente um certo papel de trouxa na vida. Deixando que as pessoas pisem em mim, se aproveitem do meu altruísmo e da minha boa vontade, e acabem muitas vezes a me usarem ao seu bel prazer.
Daí eu recordo de uma sessão de terapia, que inclusive já devo ter mencionado por aqui, em que discutíamos sobre ser aceita X ser rejeitada e que como o medo de ser rejeitada gera comportamentos autodestrutivos, como os que enumerei anteriormente. Em que nos colocamos em último lugar e nos ocupamos tão somente de agradar o outro, deixando totalmente de lado quem somos e o que queremos.
Ao passo que ser aceita engloba a mais absoluta transparência, inclusive daquelas características mesquinhas e deploráveis, de quem nós somos (com valores, falhas, exigências e limites). Ser aceito implica, muitas vezes, delinear claramente para - e na convivência com - o outro todos os contornos que nos compõem, sem medo de que isso signifique repulsa ou separação do outro. Ser você, sem qualquer maquiagem, e saber que o outro vai te acolher do mesmo jeito.
Mas o que fazer quando sempre que se abre esse ciclo de intimidade, de abertura e vem à tona as características mais desagradáveis, a vulnerabilidade e finitude que nos fazem ser quem/como somos o outro vai embora ou demonstra não nos querer desse jeito?
É sabido que não se pode trabalhar em terapia, autoconhecimento ou qualquer outro tipo de técnica de autodesenvolvimento a figura do outro, apenas o EU. Mas como fazer quando o eu se torna frágil e transparente diante do outro, mas não existe uma implicação da outra parte? Eu mesma respondo mentalmente enquanto digito...
É tudo tão complexo, finalmente. E, ao mesmo tempo, muito óbvia a maneira de se resolver. Eu e esse meu medo...
Algumas pessoas crescem acreditando que tudo será fácil, que ao fazer sua parte todo o resto se resolverá, e aí a realidade mostra que nem sempre os frutos de nossas ações são imediatos, e, muitas vezes, a pessoa vai plantar laranja e colher banana. Não faz sentido algum.
Hoje eu estou realmente confusa, perdida em sentimentos, em aflições, me sentindo sozinha, me sentindo com medo. Minha gastrite dói, e dói mais ainda a sensação de bagunça que toma conta de mim.
O fato de eu me sentir oferecendo meu melhor gera um conflito dentro de mim, pois, erroneamente, me faz evocar o "falso direito"de receber mais. E isso é uma prisão doentia e perigosa. Primeiro porque não se deve dar o que quer que seja com a expectativa de obter algo em troca. Segundo porque nos relacionamentos esse tipo de cobrança tem geralmente o poder de atrair justamente o contrário. E quanto mais se cobra/espera, menos se recebe.
Eu sou orgulhosa, meus amigos que o digam. Eu não peço nada. E quando eu peço, pode ter certeza que é zoação. Ao mesmo tempo, sou de oferecer muito, seja em afeto ou em concretudes. E isso gera um déficit emocional gigantesco que nem terapia, nem reza, nem conselho, nem nada tem atenuado. Então, vivo em risco de criar um lugar de vítima, de coitadinha que tudo dá e nada tem, que, como a bíblia exemplifica, acredita tanto que será recompensada que doa tudo o que tem.
Hoje eu simplesmente invejo as pessoas egoístas. Na verdade essa inveja nem é de hoje. Me sinto encenando constantemente um certo papel de trouxa na vida. Deixando que as pessoas pisem em mim, se aproveitem do meu altruísmo e da minha boa vontade, e acabem muitas vezes a me usarem ao seu bel prazer.
Daí eu recordo de uma sessão de terapia, que inclusive já devo ter mencionado por aqui, em que discutíamos sobre ser aceita X ser rejeitada e que como o medo de ser rejeitada gera comportamentos autodestrutivos, como os que enumerei anteriormente. Em que nos colocamos em último lugar e nos ocupamos tão somente de agradar o outro, deixando totalmente de lado quem somos e o que queremos.
Ao passo que ser aceita engloba a mais absoluta transparência, inclusive daquelas características mesquinhas e deploráveis, de quem nós somos (com valores, falhas, exigências e limites). Ser aceito implica, muitas vezes, delinear claramente para - e na convivência com - o outro todos os contornos que nos compõem, sem medo de que isso signifique repulsa ou separação do outro. Ser você, sem qualquer maquiagem, e saber que o outro vai te acolher do mesmo jeito.
Mas o que fazer quando sempre que se abre esse ciclo de intimidade, de abertura e vem à tona as características mais desagradáveis, a vulnerabilidade e finitude que nos fazem ser quem/como somos o outro vai embora ou demonstra não nos querer desse jeito?
É sabido que não se pode trabalhar em terapia, autoconhecimento ou qualquer outro tipo de técnica de autodesenvolvimento a figura do outro, apenas o EU. Mas como fazer quando o eu se torna frágil e transparente diante do outro, mas não existe uma implicação da outra parte? Eu mesma respondo mentalmente enquanto digito...
É tudo tão complexo, finalmente. E, ao mesmo tempo, muito óbvia a maneira de se resolver. Eu e esse meu medo...
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
Con-jugar
Nesses primeiros dias do ano, tendo a oportunidade de falar quase diariamente com minha melhor amiga, venho percebendo as mudanças que a vida esculpiu ao longo dos anos em mim, nela, na nossa amizade e nos relacionamentos aos quais nos permitimos.
Cris disse-me um dia desses que talvez nossa amizade sobreviva para nos apoiarmos diante da confusão que os homens ainda conseguem nos causar. Não foram exatamente essas as palavras, mas creio ter reproduzido o sentido geral. O fato é que já são quase doze anos de amizade, regados de cumplicidade e da certeza de uma sempre estará do outro lado quando a outra precisar.
Essa amizade me faz feliz, mas faz, sobretudo, com que eu pense a respeito da minha vida, das minhas escolhas e da minha dificuldade em lidar com fins e, de muitas vezes, me colocar em primeiro lugar.
Esta noite eu me sinto terrivelmente confusa. Diferente dos dias de paz que experimentei recentemente, hoje sinto um buraco imenso no meu peito e uma vasta gama de incertezas e insuficiências se mostrando como catálogo de loja.
Entre devaneios e incertezas, mal-estar e inquietação, sinto um mosquitinho me perturbando o tempo inteiro. E apesar de figurativo, esse "mosquito" me tira a paciência. Há uma ânsia urgente em mim por entender a vida, entender meus sentimentos e por descobrir o final de todas as histórias que se desenrolam em minha vida agora.
E a agonia que essa ânsia me causa já é velha conhecida e ela, geralmente, me faz agir no calor da emoção. Me faz mergulhar de cabeça numa onda forte, entrar desafiante no olho do furacão, enfrentando medos e driblando minha própria razão.
Neste momento é inevitável não ponderar tudo o que ouvi de minha amiga recentemente. E é difícil me segurar, segurar minha ansiedade, não agir nem reagir.
Há uma frase atribuída a Rosa de Luxemburgo que eu considero muito interessante, ela diz: "Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem".
Desde o final de semana a palavra movimento me acompanhou. Eu senti uma necessidade enorme de me mexer, literalmente ou não, de fazer alguma coisa. De certa forma, senti uma ânsia por me libertar, por me resgatar. Tenho me sentido muito acomodada à vida medíocre que tenho hoje. Uma vida de acomodação, de medo de perder as seguranças e me deparar com o abismo.
Mergulhei nessa necessidade de movimento, experimentando muita satisfação em pequenas atitudes que tomei. E hoje, de certa forma, sinto as correntes me machucarem...
Sinto uma inquietação grande que me impele a desapegar de posturas de auto-boicote e de me permitir viver a vida que quero, preciso e mereço. De parar de me contentar com água de poço que não vai matar minha sede nem hoje nem jamais. De virar a mesa, mais uma vez, e outras mesas, outras vezes, indefinidamente.
E essa inquietação surge nesse contexto, de querer driblar o tédio, a mesmice e o morno - das pessoas, dos afetos, da profissão, de mim mesma. De querer seguir em frente, transgredir, reconhecer, perceber onde estou presa e me alforriar. De querer abraçar o infinito, agarrar sonhos e pessoas grandes, de não ter fronteiras nem limites, de poder me jogar sem rede de segurança, de rir na cara do abismo... Eu quero ser verbo.
Por onde começar?
Cris disse-me um dia desses que talvez nossa amizade sobreviva para nos apoiarmos diante da confusão que os homens ainda conseguem nos causar. Não foram exatamente essas as palavras, mas creio ter reproduzido o sentido geral. O fato é que já são quase doze anos de amizade, regados de cumplicidade e da certeza de uma sempre estará do outro lado quando a outra precisar.
Essa amizade me faz feliz, mas faz, sobretudo, com que eu pense a respeito da minha vida, das minhas escolhas e da minha dificuldade em lidar com fins e, de muitas vezes, me colocar em primeiro lugar.
Esta noite eu me sinto terrivelmente confusa. Diferente dos dias de paz que experimentei recentemente, hoje sinto um buraco imenso no meu peito e uma vasta gama de incertezas e insuficiências se mostrando como catálogo de loja.
Entre devaneios e incertezas, mal-estar e inquietação, sinto um mosquitinho me perturbando o tempo inteiro. E apesar de figurativo, esse "mosquito" me tira a paciência. Há uma ânsia urgente em mim por entender a vida, entender meus sentimentos e por descobrir o final de todas as histórias que se desenrolam em minha vida agora.
E a agonia que essa ânsia me causa já é velha conhecida e ela, geralmente, me faz agir no calor da emoção. Me faz mergulhar de cabeça numa onda forte, entrar desafiante no olho do furacão, enfrentando medos e driblando minha própria razão.
Neste momento é inevitável não ponderar tudo o que ouvi de minha amiga recentemente. E é difícil me segurar, segurar minha ansiedade, não agir nem reagir.
Há uma frase atribuída a Rosa de Luxemburgo que eu considero muito interessante, ela diz: "Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem".
Desde o final de semana a palavra movimento me acompanhou. Eu senti uma necessidade enorme de me mexer, literalmente ou não, de fazer alguma coisa. De certa forma, senti uma ânsia por me libertar, por me resgatar. Tenho me sentido muito acomodada à vida medíocre que tenho hoje. Uma vida de acomodação, de medo de perder as seguranças e me deparar com o abismo.
Mergulhei nessa necessidade de movimento, experimentando muita satisfação em pequenas atitudes que tomei. E hoje, de certa forma, sinto as correntes me machucarem...
Sinto uma inquietação grande que me impele a desapegar de posturas de auto-boicote e de me permitir viver a vida que quero, preciso e mereço. De parar de me contentar com água de poço que não vai matar minha sede nem hoje nem jamais. De virar a mesa, mais uma vez, e outras mesas, outras vezes, indefinidamente.
E essa inquietação surge nesse contexto, de querer driblar o tédio, a mesmice e o morno - das pessoas, dos afetos, da profissão, de mim mesma. De querer seguir em frente, transgredir, reconhecer, perceber onde estou presa e me alforriar. De querer abraçar o infinito, agarrar sonhos e pessoas grandes, de não ter fronteiras nem limites, de poder me jogar sem rede de segurança, de rir na cara do abismo... Eu quero ser verbo.
Por onde começar?
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