quinta-feira, 26 de maio de 2016

Como tratar um coração machucado?

Esses dias, sensibilidade à flor da pele, lágrimas à queima roupa, eu me sinto em frangalhos.
Cansada, quebrada, prejudicada, não há definição ou mesmo descrição completa sobre o que se passa dentro de mim.

Uma xícara de tristeza, duas colheres de incerteza,  400g de medo, três unidades de angústia e ambivalência o quanto baste. Eis a receita que faz meus dias mais amargos, menos prazerosos e muito mais difíceis. Mas como reverter isso? Como tratar minhas feridas e curar meu coração?

Quando as pessoas vivenciam situações de desamor elas sofrem, é óbvio, mas quando essas vivências se tornam rotina, mesmo em outros cenários e com outros personagens, o que há para fazer? Será que existe salvação para um coração que já não consegue alimentar a ilusão de ser acolhido em sua dor?

São dias tão difíceis e neles é bem mais fácil me ocupar das dores dos outros, de outras prioridades, porque olhar para mim, olhar para dentro de mim e ver o vazio, ver o caos que me consome, é muito perturbador. Assim como é perturbador saber que talvez não haja jeito para tamanha dor e desordem.

Na vida precisamos fazer escolhas e, em todas as escolhas, há perdas e ganhos. Será que as escassas gotas de felicidade são capazes de compensar a desilusão de uma vida inteira? Será que o amor é suficiente para abstrair tudo aquilo com o que não sei lidar?

Eu queria que houvesse uma receita...

quarta-feira, 18 de maio de 2016

As voltas da vida

Acho que a vida da gente é como um novelo de lã. Fofinho, bonito, bem organizado, mas completamente inútil nesta condição. O novelo se torna útil justamente ao se desfazer, ao se enrolar, embolar, enroscar. Ele fica muito mais fofinho e bonito num tapete de lá, num cachecol, num agasalho qualquer. Ele admite formas de organização muito mais complexas, em ponto-cruz, ou em crochê, do que contido num novelo.

A beleza da vida é justamente essa. Você pode se guardar, se manter arrumadinho, sem arranhões, sem perdas, contudo, como Vinicius de Moraes, prefiro acreditar que "a vida só se dá pra quem se deu. Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu". A vida se constrói assim, nesse caos cheio de sentido, nesse descontrole, perfeitamente aceitável, de si mesmo.

E, a cada volta, a gente se sente um pouco mais quebrado, cansado, desiludido, mas eu tenho esperança de que são essas voltas que nos fazem ser quem somos e chegar cada vez mais perto daquilo que almejamos.

A minha dor hoje é somada à dor de tantos outros. E eu acredito que a bagunça que toma conta de mim, trará um pouco de crescimento mais tarde. Eu prefiro seguir em frente e acreditar que haverá um amanhã melhor, porque o hoje eu prefiro não lembrar. E que haverá momento para escancarar os sorrisos contidos, as risadas silenciadas. Haverá amor para aquecer as noites que foram precedidas por lágrimas e haverá um tempo melhor, um tempo em que se terá tempo para o amor e que a preocupação com o ser amado inunde de prazer aquele que ama.

Enquanto houver "algo em que acreditar" deste lado / Aqui do outro eu "tentarei" me orientar

sábado, 7 de maio de 2016

Por favor, seja forte!

Hoje eu acordei com febre, dificuldade de respirar e um monte de outros sintomas desagradáveis...
Me sinto só ao extremo. Conecto no Facebook e a página me diz: Bom dia, Amanda. Este foi o único bom dia que recebi, esta é a única companhia com a qual poderei contar no dia de hoje. Sinto-me completamente triste, torço por um pouco de alento, mas é a voz dentro de mim que me faz cair na real: Você está sozinha, não espere consolo de ninguém, você só pode contar consigo mesma.


Vejo as pessoas alvoroçadas pelo dia das mães. E quanta falta me faz uma mãe, alguém que se importe se ainda estou viva, que ouça meus sofrimentos e não me deixe sofrer além do que as causas merecem. Que falta faz um abraço, um ouvido pra escutar que eu preciso de ajuda. Mas o que me resta é tentar administrar esses pedaços nos quais me deixei transformar.


Às vezes a única alternativa é seguir adiante, mesmo sem forças, mesmo sem vontade, mesmo sem saber como fazer...


Amanda, por favor, seja forte!

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Correr...

Vagando pelas redes sociais me deparei com uma campanha publicitária da Reebok. Nela, a marca nos lembra que nossa expectativa média de vida são 71 anos, isto é 25.915 dias, e precisamos cuidar bem do nosso corpo, precisamos aproveitar cada minuto do nosso tempo, correndo.
(Veja a propaganda neste link: https://www.youtube.com/watch?v=bcJGh32e2Mw)

E pensar neste número, por mais generoso que seja, dá um certo aperto no peito, pois trata de relembrar que temos uma previsão limitada de vida. E isso gera, pelo menos em mim, uma angústia e inquietação para não perder tempo.

Quanto tempo desperdiçado em atividades, pessoas e sentimentos que não acrescentam em nada à vida? Quanto tempo gasto com inutilidades, autoagressões e baixo-astral? Quanto tempo ainda dispomos? Ao contrário da propaganda, não podemos olhar para nossas vidas e precisar quantos dias ainda nos restam.

Mas, a despeito de todas as pesquisas e estudos na área demográfica, ainda nos sentimos imortais. Acreditamos que temos todo o tempo do mundo. E seguimos a desperdiçar nossos momentos com o que não presta.

Eu me pergunto: O que faria se soubesse exatamente quantos dias me restam?
O que mudaria em termos de prioridade?
No que investiria meu tempo e energia?

Nós somos infinitos, assim como finitos na mesma proporção.
Como conciliar esse paradoxo existencial?
Como viver melhor e aproveitar ao máximo os dias?

A peça apresenta, claro que porque convém a marca tal solução, a ideia da corrida. Correr para cuidar do corpo, correr para manter-se vivo. Correr para marcar sua jornada tão limitada e transcender seus próprios limites. E então, mais uma vez eu questiono: Por que correr? Para onde correr? Qual é o seu objetivo?

Como disse Rosa Luxemburgo, "quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem". Pense nas suas trajetórias possíveis, em seus sonhos, nas metas que ainda não realizou... e corra! Corra como se tudo dependesse disso, mas - POR FAVOR - não esqueça de admirar a paisagem, porque eu realmente acredito que há mais prazer no caminho do que no destino.

Mantenha-se em movimento.

domingo, 10 de abril de 2016

As escolhas que a gente faz, as escolhas que fazem por nós

Às vezes eu vejo o quanto me fecho em minhas paredes, em minhas verdades, em meus medos. A zona de conforto existe, mas nem sempre é tão confortável assim estar aprisionada nela. Entretanto, aquela verdade inconveniente vem me assaltar de vez em quando: é tudo escolha minha.

Ver como escolha minha, isto é, minha responsabilidade, todas as situações - ou a maioria delas - de mal estar que vivencio gera um certo desconforto. Saber-me diretamente envolvida, protagonista de uma história medíocre, que o é graças a mim é um tanto deprimente.

Mas até onde vai, de fato, minha responsabilidade sobre o que acontece? Até onde minhas escolhas interferem na minha qualidade de vida, na qualidade de vivências que cultivo? Saber que existem outros fatores que interferem nesta conta não os determina. Ao contrário, gera uma angústia não saber realmente o que se passa ao meu redor, o que depende de mim, o que sou empurrada a enfrentar inocentemente.

Existe um espectro que ronda nossa individualidade, e não é o espectro do comunismo (risos). É como caminhar numa rua escura na qual não se enxerga nada. E o coração está sempre sobressaltado na expectativa de ser surpreendido por qualquer ser da escuridão.

Às vezes a gente vive assim consigo mesmo, numa completa escuridão, sem conseguir determinar muito bem o rumo que deu a vida, o rumo que ela tomou. Às vezes por não saber o que fazer a gente simplesmente "deixa a vida me levar", e esse piloto automático também é responsabilidade nossa.

Então, creio que, mesmo em meio às omissões que cometemos a nós mesmos, temos uma parcela de responsabilidade sobre as consequências, afinal é escolha nossa não nos posicionarmos, não tomarmos quaisquer atitudes mediante determinadas situações e a omissão, como a vida sempre nos mostra, não é o melhor caminho. Nada se resolve sozinho.

O mais difícil, todos os dias, é encarar a verdade de que somos responsáveis pelo que nos acontece e, em grande parte, depende de nós o rumo que a vida toma, dia após dia. Hoje eu quero manter a paz, mas sempre haverá situações a me estressar, me tirar do sério, testar essa minha capacidade de transcender meu temperamento explosivo, então o que fazer? A quem culpar?

Lembro de um psicólogo com quem trabalhei por alguns meses, ele sempre falava que não trabalhava com culpa, com culpados. Acredito que consigo entender um pouco mais do que ele dizia naquela época. Somos responsáveis, não culpados. Não é culpa nossa a graça ou desgraça que nos sobrevêm, mas somos - em certa medida - responsáveis por ela. Somos nós os arquitetos de nossas próprias existências, na maioria das vezes ninguém nos obriga a nada.

Então conciliar esses simplórios elementos e compreender que nós é quem podemos e devemos dar um rumo diferente àquilo que não nos agrada faz parte do processo de amadurecimento e evolução. Compreender que, sim, até determinado ponto fomos moldados, mas existe um momento em nossas vidas a partir do qual nós já não podemos culpar ninguém pelo que nos acontece.

Essa consciência deve chegar para cada um a medida que o sujeito se permita enxergar as coisas de um ângulo mais amplo, claro que nem todos chegam a tal compreensão e é muito difícil fazer qualquer um enxergar o que lhe compete ver por si mesmo. Talvez a melhor saída seja cada um olhar mais para si e para o que se passa dentro.

Se cada um acender sua vela interior talvez nos tornemos, de fato, seres iluminados - não por sermos superiores ou especiais, mas por enxergamos a nós mesmos e, por nós mesmos iniciarmos a mudança de que o mundo tanto precisa. Por mais tentados que sejamos a arrastar a humanidade inteira a enxergar "nossas verdades", Platão e sua caverna nos lembram que cada um precisa percorrer por si mesmo este caminho de despertar.

Muita luz em nossos caminhos!
Até a próxima... :)