quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Confusamente, eu.

Estou eu aqui, quase três meses depois, de volta. Desculpem-me pela inconstância queridos leitores. É que acontecimentos urgentes sempre me roubam de compartilhar reflexões e vivências.

Faz tão pouco tempo desde a última reflexão lançada aqui e mesmo assim parece que faz uma vida inteira. Fiz uma cirurgia, passei um bom tempo meio que ilhada, percebi alguns detalhes até então desconhecidos em minha vida, iniciei na terapia. Enfim, são tempos de MUITA efervescência interior, de um contato tão íntimo comigo mesma que às vezes chega a ser doloroso.

Hoje particularmente saí arrasada da sessão com meu terapeuta. Falava, mais uma vez, da minha dificuldade (quase impossibilidade) de ser "Amanda". E já escrevendo esta postagem me vem a mente que, mesmo estando nesse processo de busca de autoconhecimento, não sei quem sou de fato.

Corro, intensamente, de um lado para o outro, tentando me encontrar. Contudo vivo presa nos pólos opostos, indo do 8 ao 80 sem sequer respirar um meio termo. Sou dura comigo mesma, me exijo demais, mas hoje simplesmente percebi momentos em que minha vontade era não ter compromisso com ninguém. Experimentar...

Como essa palavra pode ser difícil e até mesmo censurável na cultura que me formou. Experimentar é feio, é pecado, é coisa de quem não tem futuro, de quem não tem o que fazer. Experimentar é coisa de gente superficial. E, contraditoriamente, me percebo agora fútil e superficial justamente por não ter experimentado, por ter me deixado prender ao que esperavam de mim. Percebo que a imagem de ousada, de transgressora com a qual muitos me definiram algum dia nada mais foi do que nada. Uma farsa, um disfarce, um faz de conta.

Era uma vez uma menina que queria ser heroína, só que ela tinha medo de errar. Então ela encontrou pessoas que tinham mais medo do que ela e essas pessoas a faziam sentir valente, poderosa. Era uma vez minha história. Acho que essa sou eu. Covarde, acuada, com medo de ser rejeitada. Procurando a todo custo uma caixinha para se enquadrar.

E hoje percebo que essas caixinhas de definições que me incomodam tanto, foram meticulosa e inconscientemente(?) escolhidas a dedo por mim. Escrevi meu script, escolhi o elenco e ao me deparar com o enredo compreendo que não é isso que eu quero, mas o que fazer se não sei o que quero, não sei sequer quem eu sou. Depois de mais de três anos, no mínimo, de caminhada pela busca interior, hoje parece ter sido a primeira vez em que de verdade dei um passo fora da zona de conforto e em direção a mim.

Minha cabeça está doendo. Já tentei meditar sem êxito. Chorei e briguei com meu passado, pela crueldade com que me tratou. Acho que agora é hora de construir novas paredes, novas estradas, novas pontes. Desejo experimentar descobrir quem eu sou. Quero isso. Espero continuar dando passos...