quinta-feira, 28 de abril de 2016

Correr...

Vagando pelas redes sociais me deparei com uma campanha publicitária da Reebok. Nela, a marca nos lembra que nossa expectativa média de vida são 71 anos, isto é 25.915 dias, e precisamos cuidar bem do nosso corpo, precisamos aproveitar cada minuto do nosso tempo, correndo.
(Veja a propaganda neste link: https://www.youtube.com/watch?v=bcJGh32e2Mw)

E pensar neste número, por mais generoso que seja, dá um certo aperto no peito, pois trata de relembrar que temos uma previsão limitada de vida. E isso gera, pelo menos em mim, uma angústia e inquietação para não perder tempo.

Quanto tempo desperdiçado em atividades, pessoas e sentimentos que não acrescentam em nada à vida? Quanto tempo gasto com inutilidades, autoagressões e baixo-astral? Quanto tempo ainda dispomos? Ao contrário da propaganda, não podemos olhar para nossas vidas e precisar quantos dias ainda nos restam.

Mas, a despeito de todas as pesquisas e estudos na área demográfica, ainda nos sentimos imortais. Acreditamos que temos todo o tempo do mundo. E seguimos a desperdiçar nossos momentos com o que não presta.

Eu me pergunto: O que faria se soubesse exatamente quantos dias me restam?
O que mudaria em termos de prioridade?
No que investiria meu tempo e energia?

Nós somos infinitos, assim como finitos na mesma proporção.
Como conciliar esse paradoxo existencial?
Como viver melhor e aproveitar ao máximo os dias?

A peça apresenta, claro que porque convém a marca tal solução, a ideia da corrida. Correr para cuidar do corpo, correr para manter-se vivo. Correr para marcar sua jornada tão limitada e transcender seus próprios limites. E então, mais uma vez eu questiono: Por que correr? Para onde correr? Qual é o seu objetivo?

Como disse Rosa Luxemburgo, "quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem". Pense nas suas trajetórias possíveis, em seus sonhos, nas metas que ainda não realizou... e corra! Corra como se tudo dependesse disso, mas - POR FAVOR - não esqueça de admirar a paisagem, porque eu realmente acredito que há mais prazer no caminho do que no destino.

Mantenha-se em movimento.

domingo, 10 de abril de 2016

As escolhas que a gente faz, as escolhas que fazem por nós

Às vezes eu vejo o quanto me fecho em minhas paredes, em minhas verdades, em meus medos. A zona de conforto existe, mas nem sempre é tão confortável assim estar aprisionada nela. Entretanto, aquela verdade inconveniente vem me assaltar de vez em quando: é tudo escolha minha.

Ver como escolha minha, isto é, minha responsabilidade, todas as situações - ou a maioria delas - de mal estar que vivencio gera um certo desconforto. Saber-me diretamente envolvida, protagonista de uma história medíocre, que o é graças a mim é um tanto deprimente.

Mas até onde vai, de fato, minha responsabilidade sobre o que acontece? Até onde minhas escolhas interferem na minha qualidade de vida, na qualidade de vivências que cultivo? Saber que existem outros fatores que interferem nesta conta não os determina. Ao contrário, gera uma angústia não saber realmente o que se passa ao meu redor, o que depende de mim, o que sou empurrada a enfrentar inocentemente.

Existe um espectro que ronda nossa individualidade, e não é o espectro do comunismo (risos). É como caminhar numa rua escura na qual não se enxerga nada. E o coração está sempre sobressaltado na expectativa de ser surpreendido por qualquer ser da escuridão.

Às vezes a gente vive assim consigo mesmo, numa completa escuridão, sem conseguir determinar muito bem o rumo que deu a vida, o rumo que ela tomou. Às vezes por não saber o que fazer a gente simplesmente "deixa a vida me levar", e esse piloto automático também é responsabilidade nossa.

Então, creio que, mesmo em meio às omissões que cometemos a nós mesmos, temos uma parcela de responsabilidade sobre as consequências, afinal é escolha nossa não nos posicionarmos, não tomarmos quaisquer atitudes mediante determinadas situações e a omissão, como a vida sempre nos mostra, não é o melhor caminho. Nada se resolve sozinho.

O mais difícil, todos os dias, é encarar a verdade de que somos responsáveis pelo que nos acontece e, em grande parte, depende de nós o rumo que a vida toma, dia após dia. Hoje eu quero manter a paz, mas sempre haverá situações a me estressar, me tirar do sério, testar essa minha capacidade de transcender meu temperamento explosivo, então o que fazer? A quem culpar?

Lembro de um psicólogo com quem trabalhei por alguns meses, ele sempre falava que não trabalhava com culpa, com culpados. Acredito que consigo entender um pouco mais do que ele dizia naquela época. Somos responsáveis, não culpados. Não é culpa nossa a graça ou desgraça que nos sobrevêm, mas somos - em certa medida - responsáveis por ela. Somos nós os arquitetos de nossas próprias existências, na maioria das vezes ninguém nos obriga a nada.

Então conciliar esses simplórios elementos e compreender que nós é quem podemos e devemos dar um rumo diferente àquilo que não nos agrada faz parte do processo de amadurecimento e evolução. Compreender que, sim, até determinado ponto fomos moldados, mas existe um momento em nossas vidas a partir do qual nós já não podemos culpar ninguém pelo que nos acontece.

Essa consciência deve chegar para cada um a medida que o sujeito se permita enxergar as coisas de um ângulo mais amplo, claro que nem todos chegam a tal compreensão e é muito difícil fazer qualquer um enxergar o que lhe compete ver por si mesmo. Talvez a melhor saída seja cada um olhar mais para si e para o que se passa dentro.

Se cada um acender sua vela interior talvez nos tornemos, de fato, seres iluminados - não por sermos superiores ou especiais, mas por enxergamos a nós mesmos e, por nós mesmos iniciarmos a mudança de que o mundo tanto precisa. Por mais tentados que sejamos a arrastar a humanidade inteira a enxergar "nossas verdades", Platão e sua caverna nos lembram que cada um precisa percorrer por si mesmo este caminho de despertar.

Muita luz em nossos caminhos!
Até a próxima... :)