terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Às infinitas chances de recomeçar

A mente percorre livremente as memórias de trezentos e sessenta e tantos dias. A sensação que persiste é a de que, por horas, o tempo parou e nada aconteceu. Ainda assim, há momentos nos quais experimento a impressão de que o tempo voou e mil coisas aconteceram simultaneamente.

As páginas de dor ainda estão borradas pelas lágrimas que foram vertidas. As de alegria, foram coloridas com o esmero da verdade, da profundidade. E, não obstante aos dias vazios, muita vida foi vivida nestas paisagens interiores. Uma vida vivida em cada sutil sensação, em cada tímida emoção.

E nesses dias feitos para pensar, é que a gente se recolhe das frivolidades do cotidiano e se aventura a olhar para dentro, a se encontrar. A perceber o que foi adquirido e compreender melhor as perdas, os desgastes, os pontos finais.

Hoje eu gostaria de estar completamente só, para que este exercício de reflexão pudesse ser completo. Gostaria de dispor de tempo e espaço para revisitar os caminhos que percorri, as pessoas com as quais estive, os livros que li, as histórias que ouvi, as aprendizagens que me foram oportunizadas e os déficits registrados em meus livros de caixa.

Embora neste momento não me seja possível este aprofundamento, escrever-lhes me faz lembrar de alguns momentos e me sentir feliz pelo que passou. Ora, afinal de contas, cada situação trouxe algum tipo de melhoramento e me fez evoluir, um pouquinho que seja, no meu caminho de auto descoberta.

Assim, olho para frente e avisto o horizonte e nele, a infinidade de caminhos que ainda há para percorrer. São livros, sons, pessoas, sentimentos. São paisagens, olhares, mil sensações a desvendar...

E o que eu quero para 2016?
Eu quero a verdade, quero ser de verdade, quero ser.

Assim, seguimos juntos, sempre adiante, neste novo ano novo, com o coração cheio de esperança e transbordando de amor.
Que saibamos nos fazer felizes!


terça-feira, 3 de novembro de 2015

Insistir para existir

Olá, meus amigos...

Hoje escrevo e em meu coração há uma névoa de melancolia. Muito tempo se passou desde minha última postagem. E, como não poderia ser diferente, muita coisa ocorreu nos últimos quarenta e poucos dias. Como já havia sinalizado em outro momento, algumas histórias foram finalmente encerradas e, junto com elas, o medo de acreditar de novo começa a dar espaço à fé.

(Re) Conheci uma pessoa que tem tornado meus dias mais alegres e coloridos, que me faz sorrir e suspirar com vontade, mas, principalmente, acreditar que todos os meus sonhos desfeitos podem de alguma forma serem ressignificados. Percebo a cada conversa que as pessoas e histórias não precisam ser perfeitas, mas apenas verdadeiras, e sou grata por toda a verdade que me visita hoje através dele.

(Re) Tornei às sessões de terapia e, graças ao empenho e coragem que me movem no caminho do autoconhecimento e autorresgate, tenho tido a oportunidade de rever páginas que ficaram esquecidas e/ou mal interpretadas. São muitas lágrimas, uma exaustão de (des)afetos, abraços inesperados e a esperança constante de evoluir profundamente.

Trago em meu peito dilacerado fragmentos de uma história de dor, de medo, de rejeição; mas felicito-me ao ver brotar, neste mesmo terreno, os primeiros ramos de uma vida nova. Existência nova que traz com ela a oportunidade de recomeçar, de acreditar nas sementes que semeio e no amor que coloco em tudo o que faço, de resistir, afinal.

E hoje, acreditar é o que me impulsiona - a despeito do choro, do medo, da inquietação e da melancolia - a respirar fundo e a insistir. Insistir nos sonhos que eu julgava desbotados, mas que ressurgem com cor. Insistir naquilo que eu já nem sabia ser capaz de realizar/ sentir. Insistir em meu caminho, ousadia e coragem de ser quem sou e de lutar pelo que acredito. Insistir em afirmar, através de cada palavra, e em viver, através de cada escolha, a felicidade que me compete. Não desistindo nem deixando por menos, assumindo e pagando o preço de pertencer a mim mesma. Sendo.

Meu carinho e meu pequeno facho de luz para aquecer esta noite. Resistamos! :)

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Das infinidades diárias

Há quinze dias eu estava sem esperança e pedia ao universo uma resolução de algo que eu não conseguia mais carregar. Hoje eu olho para o espelho, encaro meu olhar de desapontamento e digo: Calma, você faz o que pode, nem tudo depende de você.

E a vida é assim. A cada dia são apresentadas infinitas situações e nós as respondemos como podemos e sabemos. E naquilo que sabemos fazemos o nosso melhor. E naquilo que não sabemos certamente cometemos falhas. Mas nem tudo depende de nós.

Eu sei que sou responsável pelo que faço e pelo que permito que façam comigo, mas hoje também percebo que existe uma infinidade de situações que não dependem de mim. Ontem eu diria: "poxa, isso sempre acontece comigo! Não aguento mais! Ah, como sou triste, infeliz, imatura, blá blá blá." Hoje eu simplesmente me pergunto: "Por que isso está se repetindo? Como eu posso fazer para resolver essa situação?"

E diante das muitas coisas mal resolvidas que cumulam no meu extrato vital, se acumulando de um dia para o outro, eu simplesmente peço perdão e peço a Deus, ao universo, às forças internas e às energias da natureza que me ajudem a ressignificar. Se for possível, que eu possa chegar a uma solução favorável, senão, que eu saiba colocar meus pontos finais e aprender a continuar escrevendo minha história.

Às vezes insistimos em escrever com determinada caneta, aquela que é a nossa favorita, acontece que no meio da carta a tinta da caneta acaba. E agora? Eu vejo três opções: 1) continuar escrevendo com outra caneta; 2) recomeçar a escrever toda a carta com outra caneta; 3) desistir da carta e fazer outra coisa. O quanto escrever essa carta é importante para mim? O quanto vale a pena insistir para inteirá-la? Quais as consequências de desistir de escrevê-la em minha vida e na vida dos demais?

Conhecendo um pouco mais de mim, sei que tentaria outra opção, e que ela seria não desistir da primeira caneta: insistiria com a caneta favorita, tentaria de tudo para consertá-la antes de jogá-la fora. Porque eu simplesmente não consigo desistir de algo com facilidade, o que é teimosia e perda de tempo/ energia muitas vezes. Mas sou assim, e antes de apelar para outra caneta, tentaria descartar toda e qualquer possibilidade de continuar meus escritos com a primeira.

Eu acredito que cada sonho que nos move já é uma realidade em outra dimensão. E se sonhamos deve ser porque aquilo já é real de alguma forma, embora não seja palpável ou perceptível na dimensão objetiva em que vivemos. Muitas vezes nos questionamos sobre nossos sonhos, sobre a real motivação que nos move em sua direção. Nos tornamos inseguros e incrédulos quando aquilo que a gente mais sonha não se torna real e muitas vezes abandonamos sonhos e vida pela metade.

Talvez, como disse antes, minha teimosia seja desperdício, mas pode ser também que ela seja fundamental para que eu não desista dos meus sonhos, não desista da minha essência. Na dimensão lógico-racional que predomina no meu dia a dia existe uma incisiva crítica quanto ao meu modo de ser, às minhas incongruências e ao meu jeito contraditório de agir/ pensar. No entanto, graças ao meu trabalho de desenvolvimento pessoal e autoconhecimento, outra parte se revelou: uma dimensão intuitiva, criativa, amorosa, espiritual. Uma dimensão que acredita, sabe-se lá porquê, e que insiste. Uma dimensão que olha além do que se vê. E que muitas vezes recebe rótulos de insanidade, afinal "aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam ouvir a música".

Hoje, assim como há quinze dias, eu me peguei triste, ansiosa, desolada. E talvez por isso eu tenha resolvido escrever. Resolvi colocar em perspectiva, numa tela em branco, tudo aquilo que me move por optar insistir nos meus sonhos. E, dessa maneira, sou levada a olhar bem no fundo de mim e me dar mais um voto de confiança. Acreditar, alimentar o espírito, tornar leve o meu jugo. Em optar, por hoje, a fazer faxina na alma, na casa e onde mais for necessário. E escolher por encarar meus medos bem nos olhos e dizer: não adianta, eu não vou desistir. Eu sei o que eu quero, e sei que mereço isso, você não vai me atrapalhar de novo. E, por fim, a esperar... Ninguém disse que ia ser rápido ou fácil, mas eu sei que vale a pena. Como eu sei? Segredo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Limpeza de memória e Ho'oponopono: descobertas que fiz pelo caminho

Venho pensando nos últimos dias sobre memórias. Estou me apropriando de uma técnica havaina de cura e limpeza de memórias chamada Ho'oponopono. E ao estudar e vivenciar sobre o assunto, muitas coisas me saltam à memória e me fazem sensível ao fato de que a forma como absorvemos uma realidade é exclusivamente nossa e tem muito mais a ver com nossas memórias anteriores do que com o que de fato aconteceu.

O Ho'oponopono consiste em apagar memórias de sofrimento compartilhadas com determinadas pessoas e em determinadas situações, através do auxílio do Divino Criador e dos nossos centros de memória, principalmente do centro de memórias afetivas. Desta forma é possível dar novo significado a um antigo trauma e se liberar de tal peso. É um processo espiritual, que envolve questões pessoais e subjetivas e que pode causar muita inquietação e mal-estar inicialmente.

Apesar de já conviver com o "Eu sou 100% responsável pelo que me acontece" desde o ano passado, só agora parei para realmente estudar e entender em que consiste o método. E, para mim, tem sido de uma eficácia ímpar. Situações e pessoas que me evocavam memórias de rejeição fortíssimas tem sido revisitadas e ressignificadas. 

Você pode perguntar:
- Amanda, é instantâneo? 
E eu te digo:
- Não. Não mesmo. 
Como tudo nada vida, é processual. Leva tempo e requer perseverança e atenção.

Esses dias ouvi de alguém muito querido para mim o quanto de lembranças ruins ele tinha a meu respeito, de como tudo aquilo o havia afastado de mim. Fiquei com isso na cabeça. Depois de horas e horas dedicadas à limpeza de memórias de sofrimento, lembrei de uma conversa que tive com minha irmã caçula há uns meses. 

Conversávamos sobre a necessidade que eu e a outra irmã víamos, diante de alguns comportamentos expressos por ela, de ela procurar auxílio psicoterápico. Nisso comecei a falar sobre a separação dos nossos pais ocorrida há seis anos. E de repente, minha irmã começou a mudar completamente a expressão facial, denotando muita dor física, e a chorar, chorar muito (coisa que ela não faz nunca), além de articular as palavras, mas não emitir qualquer som. Me aproximei e comecei a abraçá-la, a dizer que tudo ficaria bem, que já tinha passado e tudo mais. Quando ela voltou a si, contei minha versão da história, posto que na época eu estava morando com eles e acompanhei tudo de muito perto.

Ela simplesmente não aceitava o que eu contava imparcialmente. Não lembrava do adoecimento subsequente de nossa mãe, do fato de eu ficar o tempo todo com ela, tentando distraí-la. Não lembrava da participação do meu pai, do desenrolar dos fatos e de outros pormenores. Ela tinha 11 anos na época, mas eu não acredito que ela tenha esquecido. Acredito que ela selecionou os fatos para criar em sua cabeça uma história que fizesse sentido para ela.

E foi assim: meu pai abandonando-a. Ela sofrendo sozinha. Minha mãe sofrendo sozinha. Ela sequer lembrava que eu estava lá. Eu ouvi a história bestificada, enquanto calmamente contava as partes que a mente dela ocultou. Aos poucos a situação se acalmou e conseguimos convencê-la a comparecer à consulta com a psicóloga.

Então, disso me ficou muito forte a compreensão de que nossas memórias são selecionadas de acordo com nossos traumas e com o papel que assumimos na história de nossas vidas. Colecionando essas histórias tristes, tão reais e absolutas para nós, mas tão tendenciosamente falsas para quem estava ao nosso lado na ocasião, vamos construindo uma intrincada teia de relações, de traumas e de dores que nos impedem de nos relacionarmos harmoniosamente com os outros e com nós mesmos e que, na mesma medida, só reafirma a autoimagem que temos de nós.

Muito dessa compreensão tem me ajudado nos últimos dias a iniciar o processo reescrever minhas memórias, a percorrer minhas lembranças da infância, dando-lhes um pouco de luz e liberando-as de minha mente. Tenho percebido que a criança que eu fui se machucou muito, porque ela era apenas uma criança, mas que hoje eu, adulta, tenho a capacidade de voltar lá atrás e abraçar essa criança e acalmar essa criança e amar essa criança para poder seguir meu caminho de adulta em paz, com uma bagagem bem mais leve.

Como diz o Pe. Domingos, nós temos a possibilidade de revivermos nossa infância, mas dessa segunda vez não poderemos colocar a culpa em ninguém, é de nossa exclusiva responsabilidade.

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Hoje é importante entender que nem tudo o que a mente te fala é o certo, que toda ansiedade e agitação que te impedem de se concentrar naquilo que realmente importa são memórias perigosas, se deixares que elas te escravizem. É preciso olhar para dentro de si e libertar tudo aquilo que precisa de perdão, assim como apagar tudo aquilo que não tem qualquer valia. Seguir em frente é importante, mas antes é preciso resolver essas pendências que te aprisionam ao sofrimento da sua criança interior. Só assim poderás ser pleno, curado e preparado para aquilo ao qual foste chamado nesta vida.

Deixo alguns links que recomendo para quem tiver interesse de se aproximar do Ho'oponopono, de conhecer e experimentar essa técnica maravilhosa e o meu abraço cheio de amor e gratidão.



Eu sinto muito.
Me perdoe.
Te amo.
Sou grata.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O essencial

Olho para o relógio no canto do computador e constato que já é 11 de setembro. Quem de nós não lembra o que fazia naquela manhã? Eu cursava o primeiro ano do ensino médio e estava estudando física na casa de um amigo nerd. Mas não é bem sobre isso que quero escrever. Hoje é aniversário da minha avó. E ela foi uma das grandes amigas, incentivadoras, mães que a vida me ofereceu.

E lembrar de minha avó me evoca fortes sentimentos de amizade, de alguém que me ofereceu a mão, o ombro, a escuta e tantas outras coisas. Que me ensinou sobre resiliência e sobre tantos valores que eu não seria fiel em reproduzir neste momento.

Estava há pouco tempo relendo algumas mensagens trocadas com uma amiga e meu coração esbarrou com a seguinte frase mais uma vez: "Levamos a vida motivados por medo ou por amor. Não há espaço para os dois". E ela, diante daquela conversa, poderia ter falado tanto, sobre tantas coisas, mas resolveu digitar esta frase. E hoje essa frase ecoa em minha cabeça e faz eu sentir meu coração se mover, mesmo sem tocá-lo. Pensando na frase eu percebo que somente alguém que me conhece bem poderia me oferecê-la neste tempo em que meu coração e minha razão, para variar, duelam.

Falando em medo, lembro da tensão que foi, quando do 11/09/2001. O pânico, a comoção mundial, os filmes, as homenagens às vítimas, a perseguição massiva aos terroristas e tantas vozes sobre o acontecido que ainda hoje se fazem ouvidas.

Lembro de minha avó. Da mulher que fugiu dos padrões da época, casando "velha" aos 25 anos. Casou sem amor, por orientação dos pais. Engravidou de uma menina, teve um parto complicado no qual perdeu a filha e sua capacidade de andar sozinha. Engravidou novamente, nasceu meu pai. Foi abandonada pelo marido com um filho de cinco anos de idade para criar e não desistiu.

Minha avó é daquelas pessoas difíceis de se lidar. A vida a fez dura, justamente para resistir às tantas adversidades que lhes apresentaria. Ela nunca desistiu. Criou como pôde o filho único e me criou como minha mãe não soube fazer. E apesar de discordar tanto de tantas coisas dessa velhinha chata, eu reconheço que não teria conseguido passar por tudo que passei se não fosse por ela e por tudo o que ela me ensinou da vida.

Lembro da Andréa. Minha amiga que já foi mãe, irmã, cupido, enfermeira, confidente, guia e sempre será Andréa Alcoviteira e Astuciosa. Uma mulher de sensibilidade ímpar, coração grandioso e sabedoria admirável. Aquela de sorriso aberto, abraço acolhedor e cheia de palavras para tornar a vida mais suportável.

E lembrando dessas mulheres, lembro também do Pequeno Príncipe. Aquele menininho que habitou a infância e adolescência de muitos de nós e nos ensinou que o essencial é invisível aos olhos, mas, mais ainda, que as pessoas só passam a ter significado em nossa vida a partir do momento em que cativamos/ somos cativados por elas.

Aquele personagem que nos faz entender, depois de adultos, a importância de cultivar amizades e de tantas outras parábolas magníficas que tão sabiamente Antoine de Saint-Exupéry nos deixou. Então, no meio dos percalços do cotidiano nem sempre alegre e colorido, é sempre bom recordar de pessoas e personagens que nos marcaram e marcam a vida, que contribuíram e contribuem para nosso amadurecer humano.

Apesar da insônia, sinto-me honrada em ter a oportunidade de escrever. Em poder, através de palavras, recordar quem é fundamental em minha vida e, por conseguinte, quem eu sou. Porque acredito que somos resultado das interações às quais somos expostos durante a vida. Desta forma, não há como não me sentir feliz em partilhar com pessoas tão especiais este dia, esta data, esta memória que, para mim, vai muito além do terror que se celebra atualmente no 11 de setembro.

Feliz aniversário, D. Nenzinha!!! Obrigada!


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Notas sobre o perdão

Hoje eu quero focar num tema que mexeu muito comigo nos últimos dias e que, honestamente, sobre o qual sempre me sinto aprendiz.

Perdoar é muito difícil. Perdoar a si mesmo, tanto quanto. Quero divulgar uma palestra sobre o tema que tive oportunidade de assistir há 11 meses e hoje revi pela terceira vez.

Cada vez que assisto o vídeo e participo do exercício proposto, a vivência se torna mais significativa e necessária. Sim, vivência, pois perdoar não é teoria.

Vou colocar alguns dos meus apontamentos sobre a palestra e logo abaixo postarei o link do Youtube, assim, caso alguém tenha interesse ou necessidade, fica mais fácil de achar.

Perdoar é mais barato
(Padre Domingos Cunha)


Passos importantes:

1. Sepultar os mortos
(Enterrar os cadáveres que carregamos dentro de nós)

2. Cuidar dos vivos 
(Cultivar o que é bom)

3. Fechar os portos
(Ter cuidado com as áreas vulneráveis, perceber os pontos fracos e mapeá-los)

Resolver o passado

"Bem aventurados os que choram"

Bem aventurados (Felizes/ Ponham-se em marcha) 
Aqueles que choram (os enlutados)

Ponham-se em marcha aqueles que estão enlutados

Perdoar é diferente de esquecer.
Perdoar é devolver ao outro a liberdade, a chance de ser ele de novo.

Nós somos espelhos uns para os outros.
Se o espelho reflete nossos defeitos não é culpa dele, isso pertence a nós (os defeitos).

Nós somos campos minados de memórias, feridas, traumas, mágoas, que ficam esquecidos e no dia a dia existem situações que mexem nessas bombas, as fazem explodir, e nós sofremos.

Os outros, nos relacionamentos, tocam as nossas feridas e desencadeiam um extremo sofrimento, mas também oportunizam mapear nossas bombas.

A ferida é nossa, nós somos responsáveis por ela, nós temos que resolver isso, não os outros. 
A mágoa e a raiva que sentimos é de nós mesmos.

Perdoar-se é enterrar os nossos mortos, conhecer nossas feridas e nossos campos minados.

Libertar-se das culpas.
Aceitar-se do jeito que é.

Nunca é tarde para ter uma infância feliz, mas a segunda tentativa é por nossa conta,

Nós somos 100% responsáveis por tudo o que nos acontece - pelas nossas feridas, pelas nossas raivas, pelos nossos ódios, pelas nossas sensações de dor, pelas nossas mágoas, por enterrar nossos mortos.

Processo de PERDÃO
  • SENTIR: deixar a dor doer, acolher a sombra.
  • IDENTIFICAR: dar nome ao que sentimos (assim nos tornamos sujeitos disso - relação sujeito/objeto).
  • EXPRESSAR: colocar para fora.
  • RESSIGNIFICAR: dar um novo sentido àquilo que aconteceu. Entender o outro.

PRINCÍPIOS
  • Escolho curar meu relacionamento comigo mesmo, deixando que o hábito de julgar a mim mesmo se vá.
  • Escolho unir-me aos outros em vez de me separar deles, abandonando meus julgamentos sobre eles.
  • Escolho rasgar todos os roteiros que escrevi para o modo como acho que as pessoas deveriam ser em minha vida.
  • Hoje eu escolho desistir de me sentir vítima dos meus relacionamentos e assumo a responsabilidade por minha vida.
  • Sempre que ficar preso no passado ou no futuro, escolherei lembrar-me de que o amor só pode ser vivenciado no presente.
Por fim, lembre-se: O inimigo não está à nossa frente, nem atrás de nós, nem ao nosso lado. O inimigo está dentro de nós.

"Quanto você resolver todos os seus inimigos interiores, nenhum inimigo externo poderá vencer você". Provérbio Africano

Defesas refletem apenas feridas.
Ataques são gritos por amor.
Relacionamentos são oportunidades de saber quem somos e de evoluir cada vez mais.


Espero que gostem,

Com amor, Amanda.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Depois que o sol se pôr...

O instagram me lembra hoje que há 54 semanas eu saía com você. Fomos à livraria, participar de um clube de leitura e comprar novos bebês, tomamos sorvete e, em seguida, você veio me deixar em casa. Estava com dor, tinha que tomar um remédio, havia deixado-o em casa e não pôde ficar muito tempo aqui.

Naquele dia eu não imaginava, mas aquela seria a penúltima vez que nos veríamos.
Esses dias, eu peguei um dos livros que comprei na ocasião e comecei a ler (sim, ele estava bem escondido, novinho em folha, me esperando...). E quanto mais eu leio o livro, mais sua presença/ ausência é notada.

Acredito que o pôr do sol pode tanto ser romântico quanto depressivo, desde que evoque naqueles que o vivenciam lembranças de um passado qualquer. Você é um passado bom, mas que dói recordar. É como quando se está tomando um sorvete delicioso e, do nada, na melhor parte, ele derrete, cai da sua mão e se espatifa no chão. Contigo foi assim, desse jeitinho.

Acho que nunca é tarde demais para sentir dor de cotovelo, ou será? Não sei nem sei se é este o caso. Sei que sua ausência tem me seguido nos últimos dois/ três dias e, mais uma vez, tem me tirado o riso fácil, a concentração nos estudos e o foco nas metas. Será essa uma nova maldição para setembro?

Amanhã faz um ano que lhe escrevi pela última vez e, casualmente, fui ignorada até hoje. Eu tentei seguir em frente, tentei encontrar outros amores, sair com outras pessoas, rir de outros motivos, conversar sobre outros dramas, mas não deu. E aqui estou exercendo esse papel patético de lembrar de você e de escrever para você algo que, novamente, será ignorado.

Acho meio doentio quem dedica um dia, um mês, um ano, uma vida inteira a um amor que não floresceu. Gosto mesmo é de seguir em frente, quebrada, mas querendo me inteirar. Da possibilidade de semear em outros terrenos e espalhar meu jardim em locais mais acolhedores.

Hoje estou aqui para pedir libertação. Que os deuses do blogger, e da escrita, consigam me ajudar a superar essa página desbotada e seguir adiante. Que eu consiga, por obstinação, criatividade ou falta de opção, colocar um ponto final virtual, mas real, nessa história. Que seja o último pôr do sol que eu me sinta triste pensando em você. E que eu seja livre para recomeçar e viver o amor...

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Das confissões da saudade

E quando um belo dia você percebe que o passado veio te visitar e se vê desenterrando algo que estava a sete palmos de terra?

E quando você acompanha as lembranças atuais de alguém, que pra você, já morreu?

Quem nunca stalkeou nesta era digital, que atire a primeira pedra.

Quem nunca se viu, mesmo sem sentido ou lógica, indo procurar nas redes sociais por alguém que fez parte da sua vida em um passado remoto que me condene.

Hoje eu não suportei. Peguei o celular e comecei a buscar. E, em cada foto que aparecia na tela, eu via alguém que eu gostaria que fizesse parte da minha vida hoje.

E, me senti profundamente tocada, ao ver que aquele alguém até cozinha atualmente, que mudou em muita coisa e que talvez permaneça o mesmo em tantas outras.

Bateu saudade. E quem nunca sentiu saudade de quem foi cedo demais ou daquilo que nem sequer viveu, que me crucifique.

Tenho a impressão de que, se hoje eu pudesse, bateria na porta dele. Não para pedir desculpas ou para me declarar. Não para agradecer ou reivindicar qualquer coisa. Mas somente e tão somente para olhar mais uma vez em seus olhos e dar o meu melhor sorriso.

Algumas partidas são perdas, outras livramento, e você, o que é, afinal?


sábado, 29 de agosto de 2015

Sozinha, quebrada e perdida.

Gradativamente, eu percebo que estou me afastando das pessoas e, de modo particular, me aproximando delas. Estou em um movimento de afastamento de multidões, de quantidades, de massas, no qual minha socialização se encolhe progressivamente à meia dúzia de gatos pingados.

Tenho minhas plantas, meus projetos, minhas inquietações. Tenho minha espiritualidade, minha estrada de chão batido que me leva para dentro de mim. Tenho os que dividem o cotidiano comigo e ninguém mais.

Sempre fui meio antissocial e não é novidade estar sozinha e querer estar sozinha. Gosto do meu lugar, do meu espaço reservado, de cultivar as minhas individualidades e é sempre difícil abrir a porta deste meu mundo e deixar qualquer pessoa entrar.

O hábito de me trancar é tão arraigado que durante as minguadas tentativas de me abrir a alguém percebo uma dificuldade imensa e, muitas vezes, a necessidade de usar um escudo, uma armadura, uma proteção.

O mais irônico é que o afastamento do todo me aproxima muito de mim, mas me faz perder um pouco do tato do convívio social. E, como boa cozinheira que sou, sei que perder a mão é garantia de estragar a receita, até a melhor delas.

Assim, paira sempre no ar a dúvida de que: será que eu só encontro as piores pessoas para me aproximar ou que faço/ extraio dessas pessoas apenas o seu pior?

Hoje eu me vi no meio de uma conversa sobre drogas e, da forma mais inusual possível, me senti tremendamente inadequada. Não sei se pela falta de contato com as pessoas com as quais conversava, não sei se por não ser de modo algum simpática às substâncias psicoativas, não sei.

Mas a sensação de inadequação mexeu muito comigo e me fez ter vontade de sair correndo em busca de outras pessoas com as quais pudesse tecer redes de empatia, de familiaridade, que entendessem o que eu estava sentindo. No afã de aplacar a sensação de estar sozinha no mundo, minha cabeça recorreu à busca desenfreada por pessoas.

Mas, passada a emoção do mal-estar, me veio novamente os questionamentos da razão: Até que ponto vale a pena me cercar de quaisquer pessoas para me sentir menos sozinha, menos inadequada? E será que no meio de um turbilhão de carência, de solidão, de mal-estar, é possível discernir quem realmente me entende e está próximo a mim de verdade e com reciprocidade.

Às vezes eu me sinto perdida em um labirinto e, em todas as tentativas, não encontro um caminho a trilhar. Eu sinto medo de seguir sozinha. Eu sinto medo de não ter para onde ir. Eu tenho medo, principalmente, de não saber o que fazer. E nesses momentos de fragilidade eu queria muito ter alguém com o qual eu pudesse contar, chamar, gritar, estar, pedir socorro, acompanhar.

E é justamente nesses momentos em que o universo grita para mim, de todas as formas, a mensagem de que a solidão, o vazio e o esfacelamento do meu ser não podem e nem serão preenchidos com qualquer coisa, qualquer pessoa, qualquer metade igualmente quebrada. É preciso mais. Preciso ir adiante e ousar encontrar em mim tudo aquilo que minha carência me empurra a buscar em outros e perceber que só assim poderei ser inteira e estar aberta, não a qualquer companhia, mas a quem chegar para ficar, do jeito que mereço, do jeito que eu possa corresponder.

domingo, 16 de agosto de 2015

Mercantilização do outro



Nesses últimos dias alguns acontecimentos tem me levado a refletir sobre o valor das pessoas. Lembro das aulas de economia política em que o Bigodão, professor querido do meu coração, explicava os conceitos de valor de uso e valor de troca. A grosso modo o valor de uso é a utilidade social do objeto. Enquanto o valor de troca seria o valor do objeto mediante o tempo de trabalho e a matéria prima nele gastos.

E confesso que tentar compreender em que ponto da humanidade nós passamos a ver as pessoas com as quais nos relacionamos como um jogo de capital me deu um certo nó no juízo. Na verdade vejo uma proximidade assustadora do conceito de valor de troca como filosofia norteadora de alguns (muitos) relacionamentos.

Nessa nossa falida sociedade machista e capitalista seria algo como:

  • Quanto você vale? 

- Você vale uma ligação demorada?
- Você vale um jantar?
- Você vale uma noite de sexo?

E pronto. Dificilmente o ciclo continua a partir daí. Afinal, tem muitas figurinhas novas para preencher o álbum. Mas alguém me responda, por favor, que álbum patético é esse? Que bizarrice é essa de colecionar casos de uma noite, ou apenas frações disso, desenfreadamente? Qual o prazer que se tem de transformar as pessoas em mero objetos?

Talvez eu soe completamente conservadora e quadrada em meus questionamentos. Talvez seja meio démodé insistir em romantizar os casos e teimar em acreditar no amor e coisa e tal.

Ao longo dos meus trinta anos eu perdi muito do meu romantismo e meiguice, mas ainda não consegui perder o respeito pelo outro. Não consegui a proeza de jogar, seduzir, iludir e investir energia com intenção de levar alguém pra cama e depois desaparecer (até quando?).

Mas apesar disso, chega uma hora em que o cinismo acaba contagiando e a gente que é humano igual a todo mundo (será?) pensa: E se eu cansar de ser tratada como objeto e resolver, já que sou objeto, cobrar o meu valor de troca?

Estava conversando com uma colega ontem e ela, machista declarada, me falava de seu último homem. Falava de sua condição de mulher independente e da mesmice que era encontrar alguém que não acrescentava, não somava valor ou experiências significativas (para além do abstrato) aos seus dias. E foi bonito de ouvir e compartilhar da sinceridade e verdade dessa mulher.

E essa conversa só me fez reafirmar minha convicção íntima de não me rotular machista ou feminista, porque muitas vezes esses conceitos tão discutidos nas rodas de conversa da vida acabam não sendo suficientes para abarcar a realidade. Será que é injusto um ser objetificado pelo outro começar a cobrar, em forma de valores concretos, pelo aluguel de seu corpo, paciência e envolvimento? Será que mesmo os machistas convictos ou os feministas esclarecidos nunca se viram numa relação afetivo-mercantil? Será que é machismo, feminismo, prostituição? Será que a vida cabe mesmo em caixinhas de conceitos?

Enfim, acho que estamos ainda afogados pela hipocrisia, que - como onda constante - vem e nos afunda, nos tira o ar e a clareza de quem realmente somos e do que realmente fazemos e queremos fazer. Será que no auge da minha consideração pela dignidade alheia e do respeito pelo território sagrado do outro eu nunca quis algo mais, uma compensação?

Bom, o que eu consigo ver é que poucas coisas nessa vida são gratuitas. E por mais que eu não queira, peça ou espere um valor financeiro, nos relacionamentos, minha tendência é querer uma retribuição pelo tempo, afeto e participação oferecidos com a tão cobiçada reciprocidade. Então, como julgar alguém que, diferente de mim, cobra um jantar, um presente, uma mensalidade da academia/faculdade?

E existem casos de pessoas que querem estar com alguém bonito, interessante, inteligente, independente e tantos outros "in's", no entanto essas pessoas pouquíssimas vezes tem o mesmo a oferecer de volta. Nesses casos, o que fazer? Como cobrar? A cobrança financeira começa até a soar justa... Sei que é um tema delicado e controverso. Peço perdão aos que se ofenderem com as palavras fortes usadas, mas é que realmente é um assunto que tem me incomodado bastante recentemente.

Acho que vou começar a ler mais sobre o assunto, porque viu, não tá fácil não...

quarta-feira, 24 de junho de 2015

No lugar da emoção, dormência.


Ontem eu fui ao cinema e assisti ao filme "Divertida Mente". Seria engraçado se não fosse deprimente, mas em meio a toda riqueza de teorias psicológicas apresentadas pela animação (muito boa, diga-se de passagem) é inevitável não pensar a respeito.

Tristeza, Alegria, Nojinho, Medo e Raiva representavam as emoções básicas da personagem, pré-adolescente, Riley. Quando se inicia um processo de muitas mudanças na vida da menina, essas emoções enfrentam o desafio de resgatar as memórias básicas e fundantes da personalidade da garota que se perderam devido a um acidente.

É uma animação muito densa e interessante sobre nossa mente, nossas emoções, nossas lembranças, nossa personalidade e, em consequência disso, sobre quem somos. Sobre a forma como reagimos às emoções e registramos nossas lembranças. Desperta ainda nosso olhar para perceber que todas as emoções, por mais indesejadas que sejam por nós, são importantes e fazem parte de quem somos.

Estes dias eu tenho enfrentado momentos diferentes. Sinto uma dormência emocional muito grande, em que como numa música, as "notas" de tristeza se sobressaem. É tão interessante constatar nesses meus percussos "auto-antropológicos" quão mais complexa é a vida e a cadeia de sensações que decorrem dela e, ao mesmo tempo, quantos mecanismos são utilizados cotidianamente por uma grande parte de nós para simplesmente adormecer nossas tristezas e dissabores.

O momento que estou vivendo agora me favorece no sentido de alimentar a esperança e acreditar no caráter (sempre) cíclico da vida, nutrir bons pensamentos e, como sugere meu terapeuta, construir imagens mentais mais positivas.

Eu me considero uma pessoa complexa e com tendências muito claras ao negativismo da realidade. E é sempre desafiador tentar pensar a vida, escrevê-la, ouvi-la ou senti-la através de formas mais alegres e positivas. Quando penso nisso sinto falta da pessoa que eu costumava ser há uns 10-12 anos atrás. Mas ao mesmo tempo, desperta o interesse em procurar por esse eu tão escondido em meio aos maus presságios que hoje me acompanham.

Pensando nessas ideias novas, começo a sentir algo que me faz acreditar que essa dormência dará lugar a um novo ciclo de emoções - fortes, positivas e coloridas com alegria, ousadia e esperança. Assim, eu aceito o desafio de uma morte simbólica para que a vida ressurja de uma fonte diversa, mais abundante e fecunda. Que eu saiba sair do casulo e enfim conseguir ser quem eu sou, de verdade.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Um passo a mais


Sabe quando seus pés já estão cansados de trilhar as mesmas estradas, esbarrando nas mesmas pedras e se calejando nos mesmos sapatos? Hoje eu calcei um sapato novo, respirei fundo e pedi à vida coragem, para começar mais uma vez.

Hoje é meu aniversário. E o que é aniversário? É aquele dia em que a gente soma mais um dígito à nossa idade, em que lembramos o dom que recebemos e pensamos sobre o que estamos fazendo com ele, em que - sobretudo - percebemos a necessidade de reduzir as cargas, diminuir o ritmo, esvaziar as gavetas, perdoar as mágoas e buscar outros caminhos.

Eu percebi a importância das pessoas que tenho por perto e que posso contar, ainda que seja "apenas" com um olhar de atenção. Agradeço por pessoas que mesmo distantes e sem conversarmos, sabem de mim e rezam pelas minhas intenções. Reconheço que estou só e que ainda é grande a lista de excessos de presenças vazias a cortar.

A gente precisa morrer para que algo novo nasça. E meu maior desejo hoje é que uma parte grande de mim morra, quero que possa nascer e prevalecer em mim uma Amanda mais verdadeira, mais profunda, mais corajosa, mais humilde, mais envolvida com seus próprios sonhos e sentimentos. Uma Amanda que saiba reconhecer suas necessidades e correr atrás delas, sem medo, sem dar satisfação, sem esperar nada dos outros. Uma Amanda que saiba se surpreender com os pequenos gestos de amizade, que saiba valorizar a presença mais que a ausência e que saiba observar o que realmente importa.

Quero deixar pra trás as pessoas que me mostraram não ser capazes de seguir ao meu lado nos meus caminhos, aprender a levar a vida de mãos dadas e não nas costas, descobrir o encantamento que se perdeu diante das mazelas da vida real. Que o requinte e os aromas da Gastronomia possam me dar leveza para lidar com as pobrezas e mau-cheiro que o Serviço Social me traz. Que como no Yin Yang, eu possa achar o equilíbrio entre meus impulsos e paixões e reconhecer que sou os dois e dos dois careço igualmente.

Que eu traga em meu semblante mais do que o cansaço, a raiva, a tristeza e a vontade de desistir, que eu aprenda a cultivar esperança, sorriso e gratidão. E que eu me esforce, acima e a despeito de tudo, para alcançar meus sonhos, para viver na França, para criar minha filha, para aprender a amar na prática.

E que eu saiba voltar atrás, pedir perdão, me perdoar, repensar as escolhas e recomeçar sempre que a vida me pedir ou que eu precisar. Que eu não canse, xingue nem desista do viver. Que eu aprenda a cada dia a melhor viver. E que não me falte, hoje, o que é necessário, para que eu tenha serenidade para esperar pelo que mereço. E como "a vida é muito curta para ser pequena", que eu seja valente e audaciosa para fazê-la infinita enquanto durar.

Que eu seja feliz!

sábado, 6 de junho de 2015

A delicadeza do virar de cada página

Eu acredito que todos estamos, de alguma forma, no meio de um deserto. Para alguns a solidão é real, palpável. Para outros a sensação de inadequação incomoda. Outros tantos estão definitivamente perdidos, em meio às convenções sociais, às expectativas, ao medo. E eu? Eu me enquadro em todas estas categorias.

A contagem regressiva para o fechamento de um ciclo e, consequentemente, o recomeço de outro traz para mim uma terrível sensação de incômodo. Sinto-me totalmente fora do meu aquário ideal, seja com relação ao local em que vivo, ao trabalho, aos amigos (?) e às minhas escolhas diante dessa confusão toda.

Talvez fugir para outro lugar, quiçá outra dimensão, me trouxesse a tranquilidade para empreitar um novo recomeço. Mas o meu desafio, na realidade nua e crua da vida que posso ter, é tentar recomeçar com as velharias que trago dentro e ao redor de mim. Recomeçar ressignificando valores, posturas, palavras, crenças, escolhas.

Dentre todas as possibilidades que me espreitam e que eu espreito, a mais presente hoje é encarar qualquer coisa, menos me obrigar a estar em ambientes e com pessoas que já não me acrescentam nada. É fugir da gente de plástico, Barbie's e Ken's que simulam uma vida perfeita, pelo menos por fora, mas que não me convencem em essência de sua perfeição.

Eu quero algo de verdade para mim. Em poucos dias terei 30 anos, mas sei que essa passagem de idade não vai trazer magicamente uma nova Amanda a menos que eu escolha levar em conta tudo o que experimentei até aqui e ouse tentar outro caminho.

É meio aflitivo ver o tempo passar e se esgotar o prazo para cumprir algumas metas, mas a vida vem me ensinando a entender que existe um tempo para cada coisa e este tempo nem sempre obedece aos meus planos. Hoje, mais do que ontem, eu sei que nem sempre os meus sonhos vão se realizar, mas que eu preciso estar com os olhos bem abertos para ver, nas aparentes derrotas, as oportunidades que me são oferecidas.

Mais do que ficar emburrada porque as coisas não estão saindo como eu quero, eu preciso ter coragem de diariamente assumir riscos, dar minha cara a tapa e acreditar em meus ideais. Ousadia de defender com unhas e dentes quem eu sou, sabendo que às vezes é mais vantajoso ser odiada por sustentar meus valores e ética pessoal.

Estou adentrado na temporada balzaquiana, mas mais do que isso, estou aprendendo a olhar além e tentar ver que nem sempre a felicidade tem causas aparentes, assim como a tristeza. Cada um é um universo secreto, inclusive eu. Resta-me, em meio às tantas distrações da vida, lembrar que o fundamental está aqui dentro e ter a coragem necessária para empreender a maior viagem da minha vida, em direção ao meu infinito interior.

domingo, 24 de maio de 2015

Há dezoito dias, dois passos e um sur[s]to...

No meio da contagem regressiva na qual me encontro, existe uma equação que não sai da minha cabeça. O tempo não pára, canta(va) o poeta da já não tão nova geração. E o que dá esperanças também assusta: o tempo não pára.

Implacável tempo que distancia as pessoas, que muda as perspectivas, os planos, os sonhos, e que simplesmente passa levando consigo muita coisa, muita gente, muito do que nunca será. Que entala minha garganta, mas não me deixa chorar livremente. O tempo, as cobranças, o peso de quem a gente é versus a expectativa do que querem que a gente seja.

Como obter a diplomacia necessária para ser sem incomodar a ideação que fazem de você? Difícil. Hoje o tempo voa e trava, ao mesmo tempo, diante das minhas janelas. Não o vejo passar e, ao mesmo tempo, ele passa tão depressa que eu não sei se terei o tempo necessário.

O tempo é tão breve, a vida é tão rara, será que dará tempo para viver tudo o que há para viver? Me entristece o tempo perdido nas obrigações daquele tempo que eu vendo para bancar as despesas dessa vida que levo. Mas será que vale a pena viver assim?

 No meio dos meus nomes um deles há de significar crise, o outro, deve ser indecisão. E é inevitável o desencadear de uma crise em um momento tão significativo. Não é só a mudança de idade, o fechamento de um ciclo. É como se a vida me empurrasse abismo abaixo para a vida adulta. Mas o que é isso? O que é ser adulta? O que eu quero disso tudo?

Naquele tempo em que a liberdade aperta o peito, que o medo da solidão tira o sono e que a distância com relação a todas as pessoas se torna tão evidente, eu me pergunto: O que tem mais para viver? O que eu quero dessa vida? Qual é a parte do acordo que eu não entendi? Assinei e não entendi. Será que eu posso montar minha vida como quiser, como um sanduíche do Subway, como um prato em Self-service?

No final das contas essas minhas perguntas sempre estão comigo, me fazendo mais confusa, menos certa, mais insensata ou não. Na verdade pouco sei. Hoje nem bicicleta quero mais. Mas aí, o que vai ser? Passagem aérea ou fogão? Por que escolher? Por que adiar a decisão? Eu simplesmente não sei o que fazer. Eu (não) tenho medo da escuridão.

domingo, 3 de maio de 2015

Post 100

Oi gente, quanto tempo não é?
Desculpem a ausência por aqui, minha vida realmente ficou bastante corrida nos últimos dias e o tempo está cada vez mais apertado para sistematizar as reflexões cotidianas.

Acessando a plataforma do blog descubro que esta é a centésima publicação minha aqui. Que bom ter podido contar com este espaço para desabafo, compartilhamento de caminhos vivenciados e tantos outros tópicos com olhos amigos-desconhecidos.

Hoje olho para minha vida com a esperança de finalmente estar me encontrando e achando meu caminho; em processo, sempre. Dores são muitas, lágrimas continuam a rolar, solidão ainda incomoda, medos às vezes me tiram o sono, mas eu sigo, eu acredito.

O encontro com minhas irmãs, com um trabalho que me faz mais feliz, mas principalmente, comigo mesma fizeram com que minha vida desse uma grande reviravolta e tanta coisa tem mudado a cada dia. Sei que tenho muitos desafios pela frente, muita coisa ainda está prestes a acontecer e muitas descobertas a serem feitas em meu caminho, mas diante de tudo que tenho vivido não tem preço que pague pela paz que me invade.

Tive que me posicionar muitas vezes, noutras simplesmente sair de cena, à francesa, máscaras foram substituídas e muita verdade veio à tona. Encontro-me mais só, mais calada, mas com certeza bem mais assertiva e intuitiva, cheia de vida e felicidade.

Sempre pensei que precisaria de grandes coisas para me encontrar na vida. E a vida me surpreendeu na sutileza de alguns detalhes que foram alterados, de algumas trilhas que foram revisitadas e da aceitação de tantas lições que me foram oportunizadas.

"Como será o amanhã? Responda quem puder" já indagava o compositor João Sergio, e eu? Bem, eu acredito que o amanhã será germinado e preparado a partir das minhas escolhas hoje, então, resta-me o hoje sempre.

Resta-me o desafio de tentar fazer o melhor com os ingredientes que a vida me deu, com os talentos que herdei e com as conquistas que tenho alcançado dia após dia. O aprendizado não para nunca e as certezas todas se resumem a convicção de que não estou sozinha, de que muitas outras coisas boas virão e de que as desgraças que virão trarão consigo muitas oportunidades de crescer.

Que eu saiba aproveitar cada instante dessa roda gigante que é a vida e que as paisagens que eu enxergar nunca me ceguem ou me façam desacreditar no amor e em mim.

terça-feira, 24 de março de 2015

Enquanto a noite durar

Sinto o tempo voar, desaparecer em meio à linha do horizonte, esvair como água por entre meus dedos.


2015 está sendo um ano bastante desafiador, difícil sob muitos aspectos, doído de emoções, de sentimentos confusos, complexos e contraditórios.


Sinto o sinal da vida ficar verde, é hora de arrancar, de partir para outros lugares, seguir em frente. Mas são milésimos de segundo entre eu e o movimento. Entre o pensar e o agir. Entre o ficar e o ir.


Sinto a cobrança por toda a parte. Sinto o medo dentro de mim. Sinto minhas pernas não me obedecerem, sinto angústia, sinto solidão, sinto desatino, sinto vontade do que eu não sei bem o que é, embora saiba do que não é.


Sinto o "ou não" encerrando todas as minhas certezas. E o desespero de ir só não é maior do que o de ficar. A dúvida do não saber para onde ir me consome e queima meu peito em meio a convicta clareza de não poder mais ficar, nem um momento.


No final, a vida da gente está sempre no final. Estamos presentes agora, mas não sabemos o que vem no exato segundo depois. Sonhamos com cavalos e castelos, sem perceber as pedras da estrada e o combustível gasto para nos levar à frente. Sem perceber o desgaste natural das coisas e, o pior, sem admitir que o sonho de ontem já não mais alimenta as fantasias de agora.


Mas, e agora? O que fazer? Fugir? Ficar? Sair? Lidar? Correr? Sofrer? Aprender? Ser? Como? Me ensina um atalho. Me carrega em seus braços. Me mantenha segura. Me faça acreditar mais uma vez, só dessa vez.


Porque dói acordar de noite e pensar na escuridão que temos pela frente até o nascer novamente do sol. Fica comigo, me faz companhia e jura que tudo vai se resolver. Não adie mais, por favor, nossa hora chegou. Vamos conversar?


https://www.youtube.com/watch?v=G1trlo_qqX8

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Prólogo: Virar a mesa


Vivemos em um tempo em que:

- se você fala, fala demais;
- se você cala, é omisso;
- se aguenta desaforo, é besta;
- se revida ofensa, é reativo;
- se se importa, é trouxa;
- se é indiferente, é alienado;
- se ignora, é esnobe;
- se é atencioso, perde tempo.

Haja paciência! Não à toa crescem exponencialmente os números do uso abusivo de substâncias psicoativas em nossa sociedade. É muita supervalorização do supérfluo e sonegação do essencial. E, na minha experiência mais próxima e concreta, de todo modo vão te julgar e, antes mesmo disso, condenar.

Queria ter algum poder com minhas palavras. Poder de transformar realidades, de alcançar algum sentido em toda barbárie que me rodeia, persegue e incomoda. Queria mais do que uma catarse.

Queria que as pessoas entendessem que a o planeta não gira ao redor de suas ilustres vidas, queria que simplesmente percebessem que há sempre outras e outras e outras possibilidades para o final, meio e recomeço das suas histórias.

Hoje eu queria coragem, coragem de vomitar, de gritar, de fechar portas, com força. E dizer alguns "até nunca mais". Infelizmente minhas emoções e anseios não pagam as contas que chegam religiosamente na minha porta. Por isso fico, aguento mais meia dúzia de impropérios, xingamentos e frustrações.

Eu sei que não está fácil para ninguém, que trabalhar nem sempre é uma experiência agradável e que a vida é como ela é e não como queremos que seja. As coisas simplesmente acontecem e cabe a cada um se cuidar, se adaptar e fazer os ajustes necessários.

Mas olhando através das lágrimas dos últimos episódios, eu me pergunto, querendo perguntar a Deus: Poxa, até quando? Existem muitos momentos em que nos cansamos de algumas pessoas, situações, dilemas, acredito que até aí tudo bem, porém o amor próprio me desperta para uma atitude de profundo respeito para comigo mesma. E, diante disso, de negação em aceitar alguns papéis, de ser maltratada, de ser diminuída e por aí vai.

Chegou a hora em que não há outra opção além de virar a mesa e seguir meu caminho.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Surpresas de um dia qualquer...

Sabe aqueles dias em que "do nada" coisas espetaculares te acontecem e seu coração fica tão cheio de gratidão que sorri? Digo do nada entre aspas porque o que me aconteceu hoje é resultado de muito amadurecimento, sinceridade e entrega.

Às vezes a gente se perde no imediatismo e deixa passar oportunidades que só vem no tempo certo. E o ser humano é mesmo um bichinho apressado, daqueles que pensam que ou é agora ou nunca mais será. Eu sou assim, sempre fui bem intensa e precipitada. Sempre quis resolver as coisas na hora, no calor da emoção, no desespero de perder.

Semana passada eu comecei a reler um livro sobre relacionamentos, mas as gestalts que a leitura me proporcionaram foram muito além do tema abordado propriamente. Assim, me vi no sábado aos prantos, percebendo um luto tardio pela Amanda que fui e que não serei mais. Chorei a dor de perder pessoas importantes para mim e, mais ainda, chorei por quem deixei de ser, chorei pela Amanda que restou de tudo isso, retalhada, sozinha e, muitas vezes, triste.

Hoje, surpreendentemente, a vida me trouxe quem eu julgava ter perdido, sem eu precisar dar um passo sequer em sua direção. E eu pude olhar, conversar, chorar, pedir perdão e recomeçar. Felizes os dias em que a vida nos leva a recomeçar, a renovar. Benditas as perdas que nos fazem ganhar a nós mesmos e aos que merecem ficar ao nosso lado. E a vida segue, minha gente, sempre em frente.

E hoje eu respiro fundo e sorrio, e agradeço, porque eu acredito, porque vale a pena.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Vulnerável conf(u)(is)são

Sabe quando sua vida se torna um campo de batalhas no qual você tem que lutar e resistir para sobreviver?
Sabe quando as dificuldades são tão grandes que você sente suas forças e esperanças se esvaírem?
Sabe quando você olha para o lado, na iminência de pedir socorro, mas não tem ninguém por perto?
De tal modo, não te resta outra alternativa a não ser 'ser forte'.

Hoje estou me sentindo assim, completamente esgotada.
E nem é um cansaço físico, mas cansaço existencial mesmo.
Cansada de ter que driblar o mundo inteiro.
De ser tida como forte e admirada por gente que nem sequer me conhece.

Cansada de uma imagem que criei e com a qual fui criada.
Cansada de tantas aparências.
Cansada de fazer batata parecer cogumelo.
E vice-versa.

Estava relendo um livro sobre relacionamentos (são os meus favoritos) e todos os questionamentos que os autores trazem me fizeram cair em reflexões um pouco mais profundas do que o habitual, sobre projeções, expectativas, comunicação. E parece que a cada vez que releio algo, compreendo um viés novo, um pormenor que passou despercebido na leitura anterior.

Assim, me peguei refletindo sobre essa imagem de força que alguns tem de mim, mas infelizmente é uma força pejorativa. Pode ser que eu esteja percebendo uma projeção ou que simplesmente esteja equivocada, mas a impressão que tenho, quando em contato com pessoas próximas, mas não tanto, é de que elas me veem como alguém auto suficiente, que não precisa de ninguém e que aguenta tudo sozinha.

NÃO. Definitivamente não sou assim, graças a Deus. Sou frágil, fácil de derrubar e completamente manteiga derretida, pessoas! O que se vê, geralmente à distância, é alguém que não desiste, que tenta se reinventar e construir novas possibilidades, que não entrega os pontos. Alguém que recebeu muitos nãos, muitas portas fechadas na cara e que se cansou de bater, alguém que foi embora procurar um lugar seu, do qual ninguém venha expulsá-la.

Mas isso não quer dizer que não me importe, que não sofra, que não deseje que a porta se abra para mim ou, melhor ainda, que eu consiga abrir minhas portas sem reservas para você. Acontece que quando se apanha da vida acaba-se ficando calejada, áspera até. E, talvez por isso, muito de quem eu sou não seja evidente para você que me admira ao me ver passar em frente à sua janela.

O que desejo é suportar a vida, sem perder a delicadeza, a suavidade, mas para isso eu preciso compreender e aceitar que não sou de modo algum uma pessoa fofa e meiga à queima roupa. Sou alguém distante mesmo, que não faz muita questão de quantidade em interações humanas. Alguém que se mostra indiferente à maioria das coisas, para depois chorar quietinha no escuro do quarto. Alguém que sonha e aspira com coisas fofas e meigas, ao mesmo tempo em que constrói seguranças para o próprio coração, seguranças essas que acabam arrebentadas ao primeiro toque. Já viu a confusão né? Coração e razão numa disputa sem fim, sem começo, sem se entender.

É, acho que se fosse escolher uma palavra para me representar neste momento seria confusão. E ainda ecoa a vez que ele me chamou de confusa. E eu me vi despida e dilacerada. O coração de vocês é divertido? O meu é um palhaço, mas daqueles palhaços tristes, contraditórios, que só consegue fazer o público sorrir, não vê mais graça em suas piadas, não tem mais coerência em seus afetos e seu bem querer às vezes tem gosto amargo.

Talvez tenha vindo até aqui só mesmo para admitir minha fraqueza, meu fracasso, minha imperfeição. Para entregar os pontos e dizer: "Tudo bem, vida, eu me rendo. Não aguento mais, faça o que quiser de mim!" Eu não sei - como você que lê o blog já deve saber - qual foi o ponto da conexão entre meus dados lógicos e emocionais que se rompeu. Não sei onde a conexão entre meu coração e minha cabeça se perdeu. Nem muito menos sei como é que liga o wi-fi que libera as coisas que eu penso e sinto para as pessoas que eu quero que saibam.

 De repente estou lá, achando que estou arrasando, sendo amável, transparente e entregue, mas o feedback é todo outro. Coisinha estranha é mesmo amar. Acho que o C. S. Lewis tem razão quando fala que para amar é preciso ser vulnerável, mas o que ele esqueceu de dizer é como faz para transparecer a vulnerabilidade.

Será que preciso colocar uma placa pendurada no pescoço? Já ouvi e li muito sobre essas coisas e é consenso por aí as pessoas afirmarem que quando a gente está aberta ao amor, todos ficam sabendo. Oi? Acho que meu cadeado quebrou, mas ele tá aberto gente, tá aberto, só aparenta estar fechado, mas não está.

E é essa uma amostra grátis do misto de loucura, confusão e vontade que invadem meus dias de dúvidas, desconcertos e medo. Será que existe vida apesar das dúvidas? Será que existe amor após o caos? Será? São só perguntas, sempre elas...

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Cheiro de novo

Ontem iniciei um curso e precisava de um caderno para anotações. Acabei pegando um caderno que havia adotado há alguns anos para anotações pessoais e, em seguida, abandonado com folhas a serem preenchidas ainda.

Durante o intervalo da aula de hoje comecei a folhear aquele que foi meu companheiro e confidente durante longas noites vividas em 2012. E quanto mais eu lia, mas me emocionava com as palavras, emoções e descobertas de então.

Então me deparei com as anotações de dois anos atrás. Falava de transcendência, espiritualidade, meditação. Falava de medo, paixão, inocência.


Engraçado que às vezes sou tentada a crer que a vida continua a mesma, que nada me acontece, mas basta olhar para dentro que essa impressão se dissipa.

O tempo não para. 2012 foi um ano difícil, difícil a ponto de não ter escrito uma palavra neste blog, mas encontrar essas confissões íntimas e tudo o que se sucedeu a essas ingênuas (ou nem tanto) experiências me faz confiante no rumo que minha vida tem tomado.

Esta é a vida que escolhi, este é o caminho que estou fazendo, sou cem por cento responsável pelo que me acontece.

Sejam bem-vindos a 2015, que a esperança de dias melhores nos mova a ser melhores todos os dias!