Contraditoriamente eu acredito nisso. Explico a contradição. Embora me mantenha convicta da falta de mudança substancial das pessoas, tenho consciência de que eu mesma experimentei uma grande mudança ao longo dos anos. Não se trata de caráter, valores ou algo equivalente, mas de opiniões, de crenças, de atitudes diante da vida.
Então, como descartar essa mudança se ela se processou justamente em mim?
Mas, ao mesmo tempo, como optar por uma realidade - seja ela qual for - às custas de fé de que aquilo vai mudar, porque desse jeito que está não é tão bom?
Eu prefiro escolher algo do jeito que é/está, sabendo que é com aquilo que vou ter que lidar. E não viver com a falsa esperança, e expectativa, de que aquilo vai mudar uma hora ou outra.
As pessoas seguem o mesmo caminho e esperam quase sempre chegar a lugares distintos. Os relacionamentos se fundam na busca de moldar o outro conforme suas predileções. As inúmeras separações mostram que geralmente não há mudança quando se trata de falha de caráter ou algo que o valha.
E então, o que fazer?
Até onde acreditar que as mudanças são possíveis?
Eu sempre me pergunto se consigo lidar com aquela situação, pessoa ou relação do jeito que está. E me pergunto também se há algo que eu possa fazer para tentar melhorar a coisa toda. Quando as duas respostas são afirmativas ou, ao menos a segunda, insisto mais um pouco.
Em muitas destas tentativas me deparei com a máxima de House: sim, realmente as pessoas não mudam. Mas em outras, felizes e raríssimas, ocasiões pude experimentar a felicidade de ver uma situação conflituosa se transformar em algo surpreendentemente bom.
Então, por que não tentar?
Quem me conhece sabe quão teimosa e persistente sou. Não desisto fácil...
E, felizmente, há pessoas, relações e situações pelas quais vale a pena tentar novamente e dar uma oportunidade de se metamorfosearem em algo melhor.
Se em mim há a capacidade de mudar, por que eu não uso tal capacidade para melhorar? Esperar que o outro mude como condição para viver bem é um grande erro. Mas ignorar ou negar que não é mais possível seguir do jeito que está é o maior dos erros.
É preciso ter consciência também dos limites de cada um, seus e do outro, e saber respeitar o outro sem desrespeitar a si mesmo. Uma nova oportunidade que fere a moral e os sentimentos de que a está dando é sinal de que algo não está bem.
Amar é bom, mas só é bom se esse amor começar dentro de nós para daí fluir para qualquer direção
"Amar e mudar as coisas me interessa mais". :)