quinta-feira, 20 de setembro de 2018

#eleNão

Em um país cujos dados relacionados a estupro revelam que 51% dos casos envolvem crianças/ adolescentes até 13 anos; dos quais 30% foram praticados por amigos ou conhecidos da vítima e, PASMEM, 24% pelo pai ou padrasto. Vem um escroto general aspirante a vice presidente falar que as famílias "chefiadas" por mães ou avós, cuja figura paterna é ausente, é desajustada. É com tristeza e asco que tomo conhecimento desses comentários criminosos. No Brasil não falta "moral ou bons costumes", falta vergonha na cara deles e nossa (que continuamos de alguma maneira dando poder a estes trastes). Vamos pensar bem, galera, que ainda dá tempo... Sair desse lugar confortável de analista político e olhar ao redor, com amor (que deveria ser o único mandamento dos religiosos) e empatia pelos demais. Pensar nas pessoas que estão em vulnerabilidade social, pensar em tantos grupos ditos minoritários que tem qualquer direito cerceado ou mediado por olhares discriminatórios, pensar na falta de perspectiva que assola o país e a nós mesmos. Daqui pra frente é nossa responsabilidade.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Bloqueio intelectual

Quanto mais eu penso nos tempos que vivemos, mais forte é a sensação de que vivemos uma época de bloqueio intelectual, sob os mais diversos aspectos da existência e experiência humana...

Primeiramente, podemos observar o acúmulo de atividades, de informações, de obrigações e disso decorre um intenso cansaço, desgaste e, em alguns momentos, colapso. Ficamos paralisados diante de tantos estímulos e não conseguimos respondê-los adequadamente.

Em outra instância, temos uma busca por explicar o cotidiano que se centra não mais na razão ou na ciência, mas em outros aspectos mais subjetivos, como espiritualidade, religiosidade, valores individuais e sensações experimentadas individualmente. Este fenômeno nos remete a um certo e
essencialismo, pois os processos sociais passam a ser reduzidos a apreensão do sujeito e de um subjetivismo, muitas vezes retirado de "teorias coaching".

Finalmente temos a deficiente formação escolar, que constrói sujeitos desprovidos da curiosidade investigativa, preguiçosos e acomodados ao trinômio: google - netflix - redes sociais, nós geralmente buscamos informações superficiais para as questões que surgem, mas dificilmente nos aprofundamos em quaisquer assuntos.

E esse bloqueio intelectual traz sérias consequências, que já são percebidas em nossa sociedade. Dentre as quais podemos destacar: apatia política, superficialidade nas relações, desinteresse acadêmico, desequilíbrio nos afetos, fanatismo religioso e a prevalência dos interesses do eu mediante o todo.

É preocupante observar que cada vez mais formamos pessoas desprovidas da capacidade de se enxergar como sujeitos de um processo histórico, responsáveis e implicados socialmente. E a apatia, incapacidade de refletir e buscar transformar a realidade que nos cerca faz com que sigamos por um caminho de pouco desenvolvimento, seja no âmbito social, político ou intelectual, propriamente.

Desbloquear a tela de um smarphone é simples, mas como podemos encontrar um mecanismo capaz de nos desbloquear. Como podemos reiniciar nosso sistema operacional e retomar a capacidade de enxergar um pouco além da nossa tela? Como podemos experimentar os aspectos humanos subjetivos sem esquecer as questões maiores que nos cercam e que precisam ser contempladas com nossos esforços?

Precisamos recordar que o ser humano é múltiplo e mover nossas ações para o encontro com essa múltipla complexidade. Se precisamos de uma experiência espiritual, se precisamos encontrar o sentido de nossas vidas, não devemos deixar de lado o aspecto coletivo de tudo aquilo que contempla nossa humanidade, pois como cantava Chico Science: "o homem coletivo sente a necessidade de lutar".

E, assim, não devemos fugir às lutas que devem ser lutadas. Não podemos parar de exercitar os músculos que dão sentido à nossa existência como sujeitos transformadores (não apenas de nós mesmos) da realidade que nos rodeia.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Segue o baile...

Há dias (meses) vejo a janela do blog aberta, mas não me ocorre escrever simplesmente nada... Mas ela está sempre lá, me lembrando meu silêncio, me cobrando uma justificativa...

Engraçada a relação que criamos com a tecnologia, mesmo com toda praticidade em tantos aspectos há tantos pontos negativos que é difícil chegar a uma opinião justa sobre seu uso.

Às vezes cansa ligar o computador e ler as mesmas informações em diferentes páginas. Ler idiotices por toda parte e se manter inalterado é um tipo de dom. Infelizmente, o comum é observarmos comentários maldosos, notícias falsas, preconceitos vomitados pela rede, e muito pouco podemos fazer para nos proteger.

No fim, resta o distanciamento. Aquela história de que "se não pode vencer o inimigo, junte-se a ele" não dá certo. Não consigo retrucar ou argumentar em várias situações do cyberespaço, muito menos entrar num consenso, minha saída quase sempre é abandonar a discussão (ou nem entrar nela).

Parece que, via de regra, é sempre mais útil ignorar ou fugir de certas pessoas e situações. Nestes tempos em que vivemos, manter a saúde mental vale mais do que convencer idiotas de sua idiotice. No mais, vida que segue...