sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Prólogo: Virar a mesa


Vivemos em um tempo em que:

- se você fala, fala demais;
- se você cala, é omisso;
- se aguenta desaforo, é besta;
- se revida ofensa, é reativo;
- se se importa, é trouxa;
- se é indiferente, é alienado;
- se ignora, é esnobe;
- se é atencioso, perde tempo.

Haja paciência! Não à toa crescem exponencialmente os números do uso abusivo de substâncias psicoativas em nossa sociedade. É muita supervalorização do supérfluo e sonegação do essencial. E, na minha experiência mais próxima e concreta, de todo modo vão te julgar e, antes mesmo disso, condenar.

Queria ter algum poder com minhas palavras. Poder de transformar realidades, de alcançar algum sentido em toda barbárie que me rodeia, persegue e incomoda. Queria mais do que uma catarse.

Queria que as pessoas entendessem que a o planeta não gira ao redor de suas ilustres vidas, queria que simplesmente percebessem que há sempre outras e outras e outras possibilidades para o final, meio e recomeço das suas histórias.

Hoje eu queria coragem, coragem de vomitar, de gritar, de fechar portas, com força. E dizer alguns "até nunca mais". Infelizmente minhas emoções e anseios não pagam as contas que chegam religiosamente na minha porta. Por isso fico, aguento mais meia dúzia de impropérios, xingamentos e frustrações.

Eu sei que não está fácil para ninguém, que trabalhar nem sempre é uma experiência agradável e que a vida é como ela é e não como queremos que seja. As coisas simplesmente acontecem e cabe a cada um se cuidar, se adaptar e fazer os ajustes necessários.

Mas olhando através das lágrimas dos últimos episódios, eu me pergunto, querendo perguntar a Deus: Poxa, até quando? Existem muitos momentos em que nos cansamos de algumas pessoas, situações, dilemas, acredito que até aí tudo bem, porém o amor próprio me desperta para uma atitude de profundo respeito para comigo mesma. E, diante disso, de negação em aceitar alguns papéis, de ser maltratada, de ser diminuída e por aí vai.

Chegou a hora em que não há outra opção além de virar a mesa e seguir meu caminho.