quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Da série: Do tempo em que não me amava. Parte Final.

Há 11 dias, num domingo atípico e cheio de emoções, pensei no título dessa postagem, mas as idéias fervilhando muito não me deram tato para escrever aquilo que me ocorria naquele momento. Passados alguns dias retomo o rascunho de um texto que só tem título, embora o conteúdo transborde ao longo dos meus dias. Vou tentar, vamos lá!

Você já pensou em oferecer um vinho fino e sofisticado a alguém que não entende, não gosta ou não tem o paladar sensível ao vinho? Eu já, ofereci a mim mesma inclusive. Sabe qual foi minha reação? Corri até a pia e cuspi o vinho todo. Horrível! Na verdade não era, escolhi o vinho com base em uma aula de introdução a degustação de vinhos na faculdade, mas como não tenho o paladar sensível para apreciar tal bebida, achei insuportável o vinho que, para alguém com um pouco mais de exposição à degustação de vinhos, poderia considerá-lo muito bom.

O que quero mostrar com isso é que não adianta oferecer algo bom para alguém que não tem condições de avaliar. E dessa forma, o algo oferecido não é melhor ou pior, bom ou ruim, em absoluto; tampouco o alguém que experimenta é bom ou ruim, digno ou indigno. Simplesmente não há compatibilidade de interesses, experiências e expectativas de uma parte para a outra e, deste modo, não é conveniente expô-las a um relacionamento.

Pode parecer que estou sendo taxativa e absoluta, mas me deixe explicar melhor usando um exemplo do domingo, dia 19, em que escrevi o título deste texto. Saí com uma amiga e uma amiga dela de manhã, a noite minha amiga veio me dizer que a amiga dela tinha um pretendente para mim e perguntou se poderia repassar meu contato telefônico para o rapaz entrar em contato, surpresa com a situação, consenti. Pouco tempo depois estou eu falando com a criatura que era simplesmente completamente inapropriada para o tipo de pessoa que eu sou. Você pode perguntar: "- Por que?", eu explico.

Eu sou aberta ao diálogo, à diversidade, ao respeito ao diferente. E o cara começou logo criticando meus hábitos e escolhas saudáveis de vida, ao mesmo tempo em que sua cultura de lazer era totalmente avessa à minha e eu simplesmente ouvi, sem criticar. Eu realmente me senti um vinho fino, e caro, sendo experimentado por alguém sem qualquer experiência enológica, já viu o desfecho? Eu sim.

Risos à parte, porque foi tudo tão grosseiramente ridículo que eu termino a descrição da conversa por aqui, é bom perceber na prática o movimento de amor próprio que tenho vivenciado. Reparar que meus valores e conceitos estão firmes e fundamentados e não é qualquer "abestado" que vai me ludibriar ou me fazer esquecer do meu valor. Apreciadores apreciarão, o restante é resto.

No tempo em que não me amava, faria malabarismos para convencer alguém de que sou legal e interessante. Hoje eu sei que sou e ponto final, se não repararem é problema deles não meu. No tempo em que não me amava, bastava uma crítica para me fazer ficar triste, embaraçada, perder o dia ou até chorar. Hoje dou risada de gente que não me conhece e que me julga porque é mais simples rotular do que conhecer e contemplar o diferente. No tempo em que não me amava, o desamor das pessoas nada mais era do que uma projeção do que eu sentia por mim mesma. Hoje eu sinto pena de quem prefere culpabilizar o outro (a mim) por suas próprias feridas, frustrações e desamor.

Hoje eu me amo e estou aqui não para repetir até me convencer, mas simplesmente afirmando uma constatação. Se eu me aceito o tempo todo, se continuo rígida demais nas cobranças para comigo mesma, se me vejo com um conceito pessimista a respeito do mundo e de mim mesma, são questões que se colocam e que nem sempre podem ser respondidas de uma forma absoluta. Existem dias ruins nos quais se eu pudesse nem levantaria da cama. Mas sabe quando você ama alguém e muitas vezes esculhamba essa pessoa, mas fica zangado e não permite quando outra pessoa vai avacalhar seu ser amado? Pois é, é assim que me sinto. Eu posso me colocar pra baixo algumas vezes, mas você não, então se comporte!

É uma delícia falar sobre essa descoberta do amor por mim, mas gostoso ainda é estar vivendo/sentindo isso. E me sinto feliz, em meio a tantas situações desagradáveis, de poder compartilhar esse momento novo, feliz e leve em que me encontro. A vida é movimento e eu quero continuar nessa levada de descobertas, de novidades, de reinventar-me diariamente. E que este seja o marco de um novo começo, o começo de uma nova fase, o começo de uma nova forma de viver a vida. O começo da série em que EU ME AMO.

domingo, 26 de outubro de 2014

Qual a minha escolha?

Hoje é 26 de outubro de 2014 e, mais uma vez, fomos às urnas escolher nossos representantes para o governo estadual e federal. E que triste pra mim foi ter que me arrastar até meu local de votação e votar por obrigação sem qualquer convicção de melhora. Triste escolher quando nenhuma das possibilidades realmente agrada ou representa.

Acredito que na vida passamos por muitos momentos assim, momentos nos quais, a despeito das opções, a vida nos obriga a escolher. E essas escolhas geralmente nos mostram que não há caminho de volta, por mais que você escolha mal, só resta seguir adiante e aceitar, se responsabilizar pelo que escolheu.

Eu estou triste. Já me sinto assim há alguns dias. Me sinto inundada por uma onda de sentimentos negativos que me fazem crer estacionada na minha própria história, inerte, incapaz de continuar. E encurralada nessa rua sem saída me pergunto quais são as escolhas que tenho...

Aceitar o pior, o menos ruim? Desistir de acreditar e de lutar? Abandonar os sonhos e a fé? Não sei. Tudo parece tão nublado, acinzentado. As rodas tão travadas. Falta óleo nas engrenagens e as articulações, literalmente, sofreram um derrame e estalam o tempo todo. Viver dói. Ou será só comigo? Crescer dói demais. Escolher dói também. Parece que escolha e dor são amigas íntimas, estão sempre juntas.

Mais uma vez sinto que a vida me pede algo além do que estou dando. O pior é que eu até imagino o que é, mas cadê que sai? Eu me sinto completamente travada, sem conseguir sequer dar o primeiro passo. Coragem, meu Deus, dá-me coragem.

sábado, 18 de outubro de 2014

É preciso recomeçar.

A vida é tão dinâmica que às vezes me assusto como de um dia para o outro tudo muda. De um dia para o outro o grande amor aparece, vai embora. De uma hora para outra sonhos se realizam, se desfazem. De um momento para o outro exultamos de alegria, afundamos na tristeza. E a vida segue sempre assim... Vida-Morte-Vida. É preciso morrer para nascer melhor.

E às vezes ficamos com o rosto encostado na janela, observando tudo isso se passar, inertes, tristes, esperançosos. Há de nascer um novo dia e nele as coisas hão de ser melhores. As folhas mais verdes, as flores mais cheirosas, os sorrisos verdadeiros e as realizações alcançadas. É preciso acreditar.

Só que tem dias em que tudo desmorona e, mesmo sabendo que nada é definitivo e que a morte é mais do que necessária - é fundamental - dói observar as partidas, os sepultamentos, os términos, os cacos do que antes foi bonito e real. É preciso seguir adiante.

Sei que pode parecer sombrio e pessimista esperar o pior, os desfechos, as partidas, as dores, mas a vida afinal não é feita também desses momentos? Tolice é esperar que tudo seja sempre flores, alegrias e festa, pois não é assim. É no mudar das estações, no fechamento dos ciclos, nas oportunidades de recomeçar, que a gente se transforma, ressurge feito fênix, mais bonito, mais forte, mais preparado. É preciso saber viver cada momento.

E de tantas experiências - boas e más - não é possível que algo bom não surja. Sempre haverá uma vida nova esperando por nós, a cada ano, a cada mês, a cada dia, a cada segundo, tem sempre algo novo, por chegar, batendo a nossa porta. E por mais que seja difícil desapegar de pessoas, objetos, situações, é apenas deste modo que abrimos espaço para que o novo aconteça em nossas vidas. É preciso arriscar.

Hoje eu olho pela janela da minha vida e não vejo nada, nem uma esperança no horizonte. Vejo uma bagunça e sujeira constrangedoras na minha casa e nos meus pensamentos e sentimentos. Sinto vergonha, medo, desmotivação. Sinto que não vou conseguir ir muito longe assim. Mas o que seria de mim sem esses momentos mais difíceis em que preciso vencer minhas próprias sabotagens e declarar - para mim mesma - em alto e bom som: "Eu consigo. Eu quero, Eu acredito."? É preciso reagir.

Então, meu caro leitor, se sua vida hoje está como a minha, numa completa e infinita desordem em todos os aspectos, não desanimemos, tem mais coisa pela frente. Às vezes o tempo nublado pelas tantas expectativas frustradas nos dificulta a visão. E nesta hora é preciso ter fé.

Pode não estar do jeito que queríamos, que sonhávamos, que merecíamos, mas está do jeito que precisamos que esteja pra, a partir disso, tomarmos impulso e alçarmos novos vôos, deixando de lado tudo o que não nos serve, enterrando nossos mortos, curando nossas feridas, fechando nossos portos aos inimigos. É preciso recomeçar. E esta é a hora, afinal, a vida é agora!

domingo, 12 de outubro de 2014

Sobre casamentos e suspiros emocionados

Ontem tive o privilégio de participar da cerimônia de casamento de uma colega da faculdade e reacender a fé e a esperança na força do amor. Sei que parece meio clichê e óbvio evocar a relação entre casamentos e essa chama romântica que automaticamente brilha em nossos olhos ao pensar a respeito, mas pode haver mais do que o óbvio nesse tipo de vivência/constatação.

Deve haver algo muito forte e poderoso para juntar duas histórias e levá-las a permanecer unidas, idealmente, para sempre. Foi essa a sensação que tive ontem ao borrar a maquiagem trocentas vezes de tanto chorar. O amor é danado assim, quando percebemos ele já dominou tudo e assumiu o controle sobre nossas expressões físicas, emocionais e espirituais.

Foi bonito testemunhar, mas mais ainda, reacender a fé na união matrimonial, embora toda ideologia vendida ao contrário. Acreditar que o amor pode ser #DeVerdade. Acreditar que os sonhos podem se realizar. Acreditar que duas pessoas podem vencer as dificuldades, dúvidas e medos e se lançarem para uma vida em comum. É assustador e ao mesmo tempo fantástico imaginar o que de fato é casar.

Não sei se algum dia chegarei a experimentar tal realidade, espero que sim, mas desde já a percebo como algo muito grande, mas que se constrói com partículas mínimas, de amor, cumplicidade, tolerância e paciência. É meio que tecer um grande tapete ou costurar uma grande colcha, e são muitas as pecinhas que compõem o todo, mas nem sempre elas são simétricas ou se encontram em perfeito estado e, mesmo assim, cabe a quem está tecendo/costurando, ter sensibilidade e saber dosar cada elemento. É realmente uma arte.

O mais interessante em meio a tantas lágrimas e tantos pensamentos acerca do assunto é que naquele momento mágico, para as solteiras, em que a noiva joga o buquê, eu acreditei. E a força desse meu acreditar foi tão grande que o buquê veio parar nas minhas mãos. Que alegria! Não simplesmente por acreditar que quem pega o buquê vai casar brevemente, mas principalmente por ter me atrevido a estar lá, entre as disputantes, por ter acreditado que eu poderia pegá-lo e por ter conseguido dar mais este passo tão imperceptível para os outros, mas tão significativo para mim.

Talvez o texto assuma um tom sério ou melancólico. Estou emocionada até agora e, vez ou outra, uma lágrima rola rosto abaixo. É isso, casamentos me deixam assim. E só de me imaginar um dia ocupando o papel da noiva, tendo encontrado alguém que esteja disposto a se aventurar por essas searas tão confusas e delicadas dos relacionamentos afetivos, me deixa extremamente emocionada e chorona.

Fica a certeza de que o amor, o verdadeiro amor, é realmente lindo e capaz de superar qualquer dificuldade e tornar real todos os sonhos. Eu acredito. Eu quero isso para mim. O buquê já veio, que venha o noivo! E que eu esteja preparada quando a hora chegar.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Sobre um tal de amor-PRÓPRIO

Ultimamente tenho andado por entre desertos, distante e inalcançável. E tenho percebido que quanto mais vazia de cargas, de presenças, de sensações, mais repleta de fato estou, transbordando de e em mim. E quanto mais caminho neste despertar de esvaziamento/transbordar, menos disposição eu sinto para desperdiçar-me em caminhos vãos, entre pessoas superficiais, com promessas enganosas.

Será que estou desenvolvendo o instinto de autopreservação? Não diria desenvolver, mas acredito que as situações vividas tem me obrigado a cuidar mais de mim, dos meus afetos, dos meus sonhos, da minha saúde física e psíquica.

Esta semana não tive terapia, não tive sessões de bate-papo ao telefone com amigas, mas em compensação tive crise de enxaqueca por duas noites seguidas, tenho exercitado constantemente meu novo hábito de ler dentro do ônibus, fiz um catártico desabafo dirigido ao meu ex-quase-amor em frente ao espelho, tive uma aula prática bastante aromática na faculdade (Gastronomia) e tenho refletido sobre alguns aspectos do meu predador psíquico e suas manifestações em minha vida.

E nessas andanças pelo mundo, fazendo as coisas que me fazem bem, tenho percebido que não posso, não devo e não quero estragar a felicidade dos meus dias, o brilho dos meus olhos, o som do meu riso me deixando acompanhar do que é triste, sombrio e pesado.

Estava há pouco vendo um filme (Amor certo na hora errada) e me deparei com a história de um cara que tem a intimidade matrimonial rasgada pela ex mulher em seu blog. Fiquei rindo comigo mesma e pensando em, mesmo nunca tendo casado nem convivido sob o mesmo teto que alguém por mais do que um fatídico carnaval, quantas histórias podres, toscas, trashes poderia contar. Pensei em quantos blogs poderia escrever, e quantos "você é um saco" poderia dizer sobre alguns malas que povoaram o meu caminho.

Mas enfim, o que fica dessa tosqueira toda é perceber que: Beleza, a vida - e eu mesma - já me deu muita mazela e marmota e agora? Agora finalmente eu quero mais. Mas sabe porquê eu quero mais? Porque eu mereço. Gente, acho que olhei de verdade pra mim e tomei um susto: Puxa, que mulherão é este?

E quando você percebe o mulherão que se tornou, você começa a compreender que merece mais. Chega de caras com TOC, chega de babacas que não sabem o que querem, chega de ficar alertando o cara de que ele vai me perder, chega!!! Daí você simplesmente manda todos eles se lascarem, liga o foda-se, xinga o sujeito - a família, a descendência, os animais de estimação, dá aquela ajeitada básica no cabelo, retoca o batom e segue adiante.

É, gente! A vida pede passagem e não vale a pena continuar alugando, a diárias baratas, quartinhos no coração, o rebuliço que esses inquilinos fazem na cabeça extrapola o contrato de locação original. Hoje eu penso assim: "Quer privilégios? Se esforce para merecer." "Quer ficar ao meu lado? Faça por onde merecer."

Sou boa demais, mereço muito mais do que migalhas dessa gente confusa e usuária de psicotrópicos. "Não tá bom pra você? Procure outra." Estou muito eu e muito mais eu. O resto? Que se dane. Feliz demais com esta nova fase e torcendo muito para que ela dure.

Beijos, Sociedade! Até a próxima... ;)

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Insights

Êêê! Outubro finalmente chegou. Na verdade o tempo tem passado numa velocidade absurdamente rápida por aqui. De um jeito que deixa a impressão de os dias serem longos, mas os anos curtíssimos, e assim vai...

Hoje eu fui, mais uma vez, sem assunto para a minha sessão de terapia. O olhar ingenuamente acolhedor do meu terapeuta me faz sentir em território amigo e, assim, desabo, desabafo. Podia falar de mentira, de fingimento, mas falei da dificuldade de permitir aproximação, da energia gasta em manter uma aparência de força, de controle, embora a realidade destoe e muito.

E simples como um devaneio me veio o insight. Por que não fazer diferente? Diz ele, o terapeuta, que vulnerabilidade atrai vulnerabilidade e que quanto mais se expõe a fraqueza, o medo, a dificuldade, maior a possibilidade de criar identificação no outro e, por consequência, o vínculo. Duvidosa como eu, só testando... Mas que constatação maravilhosa foi essa?! Imediatamente me senti um pouco mais leve.

Sabe, chega um ponto na vida em que a gente começa a se desapegar das bagagens, principalmente das emocionais e tenta, a todo custo, se tornar mais leve e transformar o caminho em algo mais simples e feliz.

Hoje me caiu esta ficha: de que não preciso gastar tanta energia em demonstrar completo controle nas situações a dois; de que não preciso afirmar total certeza com relação aos meus sentimentos; de que não preciso fingir ser forte demais, decidida demais, certa demais; mas que imprescindivelmente preciso ser inteira e completamente eu, autêntica e fiel aos meus valores e verdades; de que não devo mentir nem fingir em hipótese alguma, muito menos expulsar a gritos e vassouradas quem tentar chegar perto de mim, se eles tiverem de ir, irão por eles mesmos, sem eu precisar me exaltar.

Em síntese, já chorei muito, já sofri muito e já reprimi meus sentimentos e instintos mais ainda, já chega. Quero ver o outro lado disso tudo. Quero saber o que a vida tem mais a me mostrar. Quero permitir esvaziar-me da bagagem emocional negativa, destrutiva e derrotista que trago comigo e ver a vida sob novo ângulo. No fundo, quero apenas ser eu mesma, aquela eu que teimo em esconder e disfarçar. A sensação de sofrimento ao quebrar a cara eu já conheço, então, o que vier além disso é lucro e, se for só isso mesmo, eu sobreviverei.

Vou adiante, a estrada é longa, o caminho é cheio de desnivelamentos e eu ainda tenho um ma-ra-vi-lho-so processo de descobertas e enfrentamentos pela frente... Que me venham então todas as possibilidades das quais tenho me esquivado por tantos anos e que eu saiba ressignificar minha vida, minha história, meus amores e afetos!