terça-feira, 25 de outubro de 2016

Aos sonhos que acordam

Não sou daquelas pessoas que sonham muito, melhor dizendo, geralmente não lembro daquilo que sonhei durante a noite. Há quem diga que sonhos são fragmentos do que vivemos, pensamos ou desejamos ao longo do dia. Há quem diga que são momentos nos quais podemos extravasar algumas experiências. Há quem veja o sonho como uma mera junção de cenas sem sentido algum depois que acordamos.

Eu lembro da minha primeira redação "premiada" na escola. Estava na sétima série, eu acho, e a professora gostou tanto do que escrevi que disse que seria publicado num material qualquer produzido pela rede de escolas da qual a minha fazia parte. Se foi ou não publicada, ela ficou com a original e eu só lembro do tema: sonhos, e que era um texto bem bonitinho no qual eu abordava diferentes conceitos e interpretações sobre os sonhos.

O fato é que na semana passada, diante desta minha aridez em sonhar quando estou dormindo, tive um sonho. Era tão real que acordei, feliz e bastante perturbada também, meio que tentando me situar na realidade. E, neste caso, esse sonho foi um alento diante da realidade dura que tenho enfrentado em meus dias e da qual chego a acreditar que não há escapatória.

Outras vezes, porém, eu acredito que sonhos assim podem significar algo mais. Podem inspirar um novo modo de viver, de ver as coisas e pessoas, de pensar os problemas e achar soluções para as dificuldades e os pesadelos do cotidiano. Acordei daquele sonho, que tratava da resolução do meu maior problema atual, e o misto de felicidade e tristeza que me acompanhou naquele dia culminou numa possibilidade, ainda que remota, de resolver essa problemática.

Em outros tempos eu levaria isso como um sinal. E eu sinto falta dessa Amanda que cria, que enxergava as mãos cuidadosas de Deus em tudo, acho que esta fé bonitinha faz a vida mais leve, mais plena. Naquele dia eu apenas tentei abrir bem os olhos e ver se estava acordada. Cética, eu sorri. E abracei aquela possibilidade, por mais remota que me pareça.

Os problemas, na maioria das vezes, podem nos fazer esquecer dos nossos sonhos, da nossa capacidade de transcendência, da nossa fé bonitinha. E eu sei que aquela Amanda cheia de fé pode até não estar mais por aqui, mas sei que eu acredito que coisas boas podem acontecer. E acredito que mereço acordar de um sonho bom e viver uma vida boa, como a do sonho.

O que importa hoje é não esquecer de sonhar, dormindo ou acordada. E não esquecer de quem eu sou, de onde eu vim e para onde eu quero ir. Tenho planos, tenho desejos, tenho sonhos. E, principalmente, tenho uma vida pela frente para realizar o que pode ser realizado e superar a gélida sensação de que não há mais saída. Sempre há e eu hei de encontrá-la, em sonhos, acordada, perdida em meio aos dias sombrios, ou aos cheios de cor, que tenho pela frente.

Vamos em frente (enfrente)!