Às vezes eu vejo o quanto me fecho em minhas paredes, em minhas verdades, em meus medos. A zona de conforto existe, mas nem sempre é tão confortável assim estar aprisionada nela. Entretanto, aquela verdade inconveniente vem me assaltar de vez em quando: é tudo escolha minha.
Ver como escolha minha, isto é, minha responsabilidade, todas as situações - ou a maioria delas - de mal estar que vivencio gera um certo desconforto. Saber-me diretamente envolvida, protagonista de uma história medíocre, que o é graças a mim é um tanto deprimente.
Mas até onde vai, de fato, minha responsabilidade sobre o que acontece? Até onde minhas escolhas interferem na minha qualidade de vida, na qualidade de vivências que cultivo? Saber que existem outros fatores que interferem nesta conta não os determina. Ao contrário, gera uma angústia não saber realmente o que se passa ao meu redor, o que depende de mim, o que sou empurrada a enfrentar inocentemente.
Existe um espectro que ronda nossa individualidade, e não é o espectro do comunismo (risos). É como caminhar numa rua escura na qual não se enxerga nada. E o coração está sempre sobressaltado na expectativa de ser surpreendido por qualquer ser da escuridão.
Às vezes a gente vive assim consigo mesmo, numa completa escuridão, sem conseguir determinar muito bem o rumo que deu a vida, o rumo que ela tomou. Às vezes por não saber o que fazer a gente simplesmente "deixa a vida me levar", e esse piloto automático também é responsabilidade nossa.
Então, creio que, mesmo em meio às omissões que cometemos a nós mesmos, temos uma parcela de responsabilidade sobre as consequências, afinal é escolha nossa não nos posicionarmos, não tomarmos quaisquer atitudes mediante determinadas situações e a omissão, como a vida sempre nos mostra, não é o melhor caminho. Nada se resolve sozinho.
O mais difícil, todos os dias, é encarar a verdade de que somos responsáveis pelo que nos acontece e, em grande parte, depende de nós o rumo que a vida toma, dia após dia. Hoje eu quero manter a paz, mas sempre haverá situações a me estressar, me tirar do sério, testar essa minha capacidade de transcender meu temperamento explosivo, então o que fazer? A quem culpar?
Lembro de um psicólogo com quem trabalhei por alguns meses, ele sempre falava que não trabalhava com culpa, com culpados. Acredito que consigo entender um pouco mais do que ele dizia naquela época. Somos responsáveis, não culpados. Não é culpa nossa a graça ou desgraça que nos sobrevêm, mas somos - em certa medida - responsáveis por ela. Somos nós os arquitetos de nossas próprias existências, na maioria das vezes ninguém nos obriga a nada.
Então conciliar esses simplórios elementos e compreender que nós é quem podemos e devemos dar um rumo diferente àquilo que não nos agrada faz parte do processo de amadurecimento e evolução. Compreender que, sim, até determinado ponto fomos moldados, mas existe um momento em nossas vidas a partir do qual nós já não podemos culpar ninguém pelo que nos acontece.
Essa consciência deve chegar para cada um a medida que o sujeito se permita enxergar as coisas de um ângulo mais amplo, claro que nem todos chegam a tal compreensão e é muito difícil fazer qualquer um enxergar o que lhe compete ver por si mesmo. Talvez a melhor saída seja cada um olhar mais para si e para o que se passa dentro.
Se cada um acender sua vela interior talvez nos tornemos, de fato, seres iluminados - não por sermos superiores ou especiais, mas por enxergamos a nós mesmos e, por nós mesmos iniciarmos a mudança de que o mundo tanto precisa. Por mais tentados que sejamos a arrastar a humanidade inteira a enxergar "nossas verdades", Platão e sua caverna nos lembram que cada um precisa percorrer por si mesmo este caminho de despertar.
Muita luz em nossos caminhos!
Até a próxima... :)
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