Acho que a vida da gente é como um novelo de lã. Fofinho, bonito, bem organizado, mas completamente inútil nesta condição. O novelo se torna útil justamente ao se desfazer, ao se enrolar, embolar, enroscar. Ele fica muito mais fofinho e bonito num tapete de lá, num cachecol, num agasalho qualquer. Ele admite formas de organização muito mais complexas, em ponto-cruz, ou em crochê, do que contido num novelo.
A beleza da vida é justamente essa. Você pode se guardar, se manter arrumadinho, sem arranhões, sem perdas, contudo, como Vinicius de Moraes, prefiro acreditar que "a vida só se dá pra quem se deu. Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu". A vida se constrói assim, nesse caos cheio de sentido, nesse descontrole, perfeitamente aceitável, de si mesmo.
E, a cada volta, a gente se sente um pouco mais quebrado, cansado, desiludido, mas eu tenho esperança de que são essas voltas que nos fazem ser quem somos e chegar cada vez mais perto daquilo que almejamos.
A minha dor hoje é somada à dor de tantos outros. E eu acredito que a bagunça que toma conta de mim, trará um pouco de crescimento mais tarde. Eu prefiro seguir em frente e acreditar que haverá um amanhã melhor, porque o hoje eu prefiro não lembrar. E que haverá momento para escancarar os sorrisos contidos, as risadas silenciadas. Haverá amor para aquecer as noites que foram precedidas por lágrimas e haverá um tempo melhor, um tempo em que se terá tempo para o amor e que a preocupação com o ser amado inunde de prazer aquele que ama.
Enquanto houver "algo em que acreditar" deste lado / Aqui do outro eu "tentarei" me orientar
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