sábado, 6 de junho de 2015

A delicadeza do virar de cada página

Eu acredito que todos estamos, de alguma forma, no meio de um deserto. Para alguns a solidão é real, palpável. Para outros a sensação de inadequação incomoda. Outros tantos estão definitivamente perdidos, em meio às convenções sociais, às expectativas, ao medo. E eu? Eu me enquadro em todas estas categorias.

A contagem regressiva para o fechamento de um ciclo e, consequentemente, o recomeço de outro traz para mim uma terrível sensação de incômodo. Sinto-me totalmente fora do meu aquário ideal, seja com relação ao local em que vivo, ao trabalho, aos amigos (?) e às minhas escolhas diante dessa confusão toda.

Talvez fugir para outro lugar, quiçá outra dimensão, me trouxesse a tranquilidade para empreitar um novo recomeço. Mas o meu desafio, na realidade nua e crua da vida que posso ter, é tentar recomeçar com as velharias que trago dentro e ao redor de mim. Recomeçar ressignificando valores, posturas, palavras, crenças, escolhas.

Dentre todas as possibilidades que me espreitam e que eu espreito, a mais presente hoje é encarar qualquer coisa, menos me obrigar a estar em ambientes e com pessoas que já não me acrescentam nada. É fugir da gente de plástico, Barbie's e Ken's que simulam uma vida perfeita, pelo menos por fora, mas que não me convencem em essência de sua perfeição.

Eu quero algo de verdade para mim. Em poucos dias terei 30 anos, mas sei que essa passagem de idade não vai trazer magicamente uma nova Amanda a menos que eu escolha levar em conta tudo o que experimentei até aqui e ouse tentar outro caminho.

É meio aflitivo ver o tempo passar e se esgotar o prazo para cumprir algumas metas, mas a vida vem me ensinando a entender que existe um tempo para cada coisa e este tempo nem sempre obedece aos meus planos. Hoje, mais do que ontem, eu sei que nem sempre os meus sonhos vão se realizar, mas que eu preciso estar com os olhos bem abertos para ver, nas aparentes derrotas, as oportunidades que me são oferecidas.

Mais do que ficar emburrada porque as coisas não estão saindo como eu quero, eu preciso ter coragem de diariamente assumir riscos, dar minha cara a tapa e acreditar em meus ideais. Ousadia de defender com unhas e dentes quem eu sou, sabendo que às vezes é mais vantajoso ser odiada por sustentar meus valores e ética pessoal.

Estou adentrado na temporada balzaquiana, mas mais do que isso, estou aprendendo a olhar além e tentar ver que nem sempre a felicidade tem causas aparentes, assim como a tristeza. Cada um é um universo secreto, inclusive eu. Resta-me, em meio às tantas distrações da vida, lembrar que o fundamental está aqui dentro e ter a coragem necessária para empreender a maior viagem da minha vida, em direção ao meu infinito interior.

Nenhum comentário:

Postar um comentário