Sou assistente social, meu instrumento de trabalho é, basicamente, a comunicação. Trabalho informando as pessoas, orientando-as de diversas formas, propondo reflexões e outros que se assemelhem. Não sou de dar conselhos. Não gosto de opinar quando minha opinião não é solicitada (e às vezes até quando é não consigo falar muita coisa).
Sou uma pessoa super observadora, calada, introspectiva, na minha. Até você chegar ao meu centro, haja chão. Até alguém conseguir arrancar algo do meu interior, haja lábia. Sou difícil, e dura às vezes. Sou a mais calma e a mais nervosa, depende do meu humor, dos meus hormônios, mas também da sua atitude.
O objetivo de eu estar escrevendo-lhes hoje é simplesmente para dizer que se eu fosse lhes dar um conselho, diria: Não seja a pessoa que tira fotos massas de momentos incríveis, mas sim aquela que os viveu na sua totalidade. Parece contraditório eu, que amo fotos, falar isso. Parece impossível propor tal disparate na cultura do selfie, mas eu explico.
Que o seu/ o meu/ o nosso intuito nesta vida e em tudo o que fizermos para colorí-la não seja um pretexto para mostrar aos outros nossas conquistas nem ostentar nossa superioridade cultural, emocional, intelectual, econômica, seja - antes de tudo - a simples expressão de nossa identidade. Que a importância dos fatos esteja neles, esteja em nós e não nas fotos que tiramos para postar nas redes sociais.
Falo isso como uma viciada em redes sociais que, diariamente, posta pelo menos uma imagem. Falo isso porque a tentação que me acomete muitas vezes é de simular uma vida feliz e interessante e vender isso aos meus seguidores. Falo isso como alguém que percebe a importância de ser honesta nas menores e mais frívolas coisas. Como alguém que está amadurecendo para objetivos de vida e não para momentos de gozo.
A vida é tudo isso, eu sei, não dá para separar. Mas eu quero ser alguém que resolveu ser feliz e esqueceu a câmera digital em casa. Um simples alguém que foi para a aula de Habilidades e Técnicas Culinárias, para o Pilates ou a Dança do Ventre e levou o celular do ladrão, quem nem câmera tem. Como alguém que esteve grudada por um mês com uma paixão e nunca se lembrava de eternizar o momento em imagens, pois eles se eternizaram de outra forma.
Continuarei fazendo minhas reflexões, fotografando, postando, dançando, escrevendo, rindo e sendo feliz, online ou não. Mas quero que esses momentos sejam registrados antes por meus olhos e por todos os outros sentidos e, se der tempo, também terei algumas fotos para mostrar e histórias para contar. Sonho com o dia em que o essencial volte a ser invisível aos olhos e que as nossas câmeras, smartphones e notebooks venham depois das nossas verdades.
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