Há 11 dias, num domingo atípico e cheio de emoções, pensei no título dessa postagem, mas as idéias fervilhando muito não me deram tato para escrever aquilo que me ocorria naquele momento. Passados alguns dias retomo o rascunho de um texto que só tem título, embora o conteúdo transborde ao longo dos meus dias. Vou tentar, vamos lá!
Você já pensou em oferecer um vinho fino e sofisticado a alguém que não entende, não gosta ou não tem o paladar sensível ao vinho? Eu já, ofereci a mim mesma inclusive. Sabe qual foi minha reação? Corri até a pia e cuspi o vinho todo. Horrível! Na verdade não era, escolhi o vinho com base em uma aula de introdução a degustação de vinhos na faculdade, mas como não tenho o paladar sensível para apreciar tal bebida, achei insuportável o vinho que, para alguém com um pouco mais de exposição à degustação de vinhos, poderia considerá-lo muito bom.
O que quero mostrar com isso é que não adianta oferecer algo bom para alguém que não tem condições de avaliar. E dessa forma, o algo oferecido não é melhor ou pior, bom ou ruim, em absoluto; tampouco o alguém que experimenta é bom ou ruim, digno ou indigno. Simplesmente não há compatibilidade de interesses, experiências e expectativas de uma parte para a outra e, deste modo, não é conveniente expô-las a um relacionamento.
Pode parecer que estou sendo taxativa e absoluta, mas me deixe explicar melhor usando um exemplo do domingo, dia 19, em que escrevi o título deste texto. Saí com uma amiga e uma amiga dela de manhã, a noite minha amiga veio me dizer que a amiga dela tinha um pretendente para mim e perguntou se poderia repassar meu contato telefônico para o rapaz entrar em contato, surpresa com a situação, consenti. Pouco tempo depois estou eu falando com a criatura que era simplesmente completamente inapropriada para o tipo de pessoa que eu sou. Você pode perguntar: "- Por que?", eu explico.
Eu sou aberta ao diálogo, à diversidade, ao respeito ao diferente. E o cara começou logo criticando meus hábitos e escolhas saudáveis de vida, ao mesmo tempo em que sua cultura de lazer era totalmente avessa à minha e eu simplesmente ouvi, sem criticar. Eu realmente me senti um vinho fino, e caro, sendo experimentado por alguém sem qualquer experiência enológica, já viu o desfecho? Eu sim.
Risos à parte, porque foi tudo tão grosseiramente ridículo que eu termino a descrição da conversa por aqui, é bom perceber na prática o movimento de amor próprio que tenho vivenciado. Reparar que meus valores e conceitos estão firmes e fundamentados e não é qualquer "abestado" que vai me ludibriar ou me fazer esquecer do meu valor. Apreciadores apreciarão, o restante é resto.
No tempo em que não me amava, faria malabarismos para convencer alguém de que sou legal e interessante. Hoje eu sei que sou e ponto final, se não repararem é problema deles não meu. No tempo em que não me amava, bastava uma crítica para me fazer ficar triste, embaraçada, perder o dia ou até chorar. Hoje dou risada de gente que não me conhece e que me julga porque é mais simples rotular do que conhecer e contemplar o diferente. No tempo em que não me amava, o desamor das pessoas nada mais era do que uma projeção do que eu sentia por mim mesma. Hoje eu sinto pena de quem prefere culpabilizar o outro (a mim) por suas próprias feridas, frustrações e desamor.
Hoje eu me amo e estou aqui não para repetir até me convencer, mas simplesmente afirmando uma constatação. Se eu me aceito o tempo todo, se continuo rígida demais nas cobranças para comigo mesma, se me vejo com um conceito pessimista a respeito do mundo e de mim mesma, são questões que se colocam e que nem sempre podem ser respondidas de uma forma absoluta. Existem dias ruins nos quais se eu pudesse nem levantaria da cama. Mas sabe quando você ama alguém e muitas vezes esculhamba essa pessoa, mas fica zangado e não permite quando outra pessoa vai avacalhar seu ser amado? Pois é, é assim que me sinto. Eu posso me colocar pra baixo algumas vezes, mas você não, então se comporte!
É uma delícia falar sobre essa descoberta do amor por mim, mas gostoso ainda é estar vivendo/sentindo isso. E me sinto feliz, em meio a tantas situações desagradáveis, de poder compartilhar esse momento novo, feliz e leve em que me encontro. A vida é movimento e eu quero continuar nessa levada de descobertas, de novidades, de reinventar-me diariamente. E que este seja o marco de um novo começo, o começo de uma nova fase, o começo de uma nova forma de viver a vida. O começo da série em que EU ME AMO.
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