Olha só a vida! Hoje fazem nove anos do meu primeiro encontro com quem viria a ser meu primeiro namorado, mas parece que se passou uma vida toda. E recordando desse dia, que foi cheio de aflição e frio na barriga, hoje eu vejo que só restou uma vaga lembrança associada à data. Lembrança que fala muito mais de mim do que da situação em si, que, por final, ficou completamente desbotada pelo tempo.
Tempo, tempo, tempo... Dizem que o tempo é nosso amigo, que nos ajuda a ressignificar os fatos, que nos mostra sempre que a vida continua e que é possível recomeçar e tentar mais uma vez. Talvez pela lembrança do início real da minha vida afetiva, hoje foi um dia muito melancólico para mim, cheio de saudade e de nós na garganta.
Sabe aquele assunto que de tão debatido chega a hora em que você o dá por encerrado? Pois é. Não deu. E eu sempre me surpreendo, me incomodo e deixo escapar algumas lágrimas quando a história retorna. Quando bate a indignação do "Poxa, não devia ter sido assim!" E se eu deixar, fico o dia inteiro fantasiando como poderia ter sido. Fico sonhando com uma nova oportunidade. E me perco, perdendo o fio da vida real, das reais possibilidades. Aí eu já não falo do primeiro, mas do último amor, que é sempre o mais doloroso, não é?
Sempre fui uma menina muito tímida, reservada, de pouco riso, de poucas palavras, para poucas pessoas. Não me permiti viver no tempo certo farras com amigos, paqueras, rebeldia e tudo mais. No meu recato e zelo por "ser boazinha", sinto que perdi uma grande parte da vida. E essa percepção se torna torturante quando eu vejo o tempo passar e alguns sonhos não se realizarem.
E aí bate uma raiva da vida. "Mas eu fiz tudo certinho, por que as coisas não acontecem para mim?" E eu enxergo que estou sempre procurando por algo que não tenho, por borboletas que voam e não se deixam tocar, esquecendo o que tenho, o que não quis ter e o que já deixei passar. Assim, fico me torturando com um déficit total, pois não levo em conta, e nem ponho na conta, tudo aquilo que está bem resolvido.
Será que algum dia isso de estar plenamente feliz - com o que tenho, perdi e preferi deixar passar - vai acontecer? Será que esse amor-próprio recém descoberto e experimentado vai ser suficiente para mudar o curso da minha história? Será que as boas palavras que eu repito para mim nos tempos difíceis vão realmente se realizar? Será que consigo equilibrar a balança emocional e quitar todas as minhas contas mal resolvidas? Será que consigo gritar para aquele magricelo tudo aquilo que a teimosia e o orgulho dele não me deixaram falar, escrever ou demonstrar?
São tantas perguntas, gente! Não sei se uma vida inteira é suficiente para respondê-las, mas sei que estou aqui querendo mais do que nunca viver a vida, sentir, chorar, amar e acreditar. Estou aqui inteira e em busca contínua por inteireza, por infinitude, por integração. Acho que quando a gente responde todas as perguntas e alcança o grau de inteireza que tanto almejou a vida acaba.
Então, como estou querendo viver ainda muitos anos e realizar meu sonho de ter uma família com um companheiro para todas as horas, uma filha linda e cacheada, bichinhos de estimação e muuuuuuito amor, vou seguindo por esses caminhos loucos, cantando, chorando, rindo, sonhando, aprendendo, rezando, esperando e acreditando. Como diz a música "Levo a vida devagar pra não faltar amor".
E vou em busca, sempre, sempre, sempre... Pois acredito que sou capaz. Eu chego lá.
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