segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Sobre firulas e outros hits



Firula... Estou com essa palavra chafurdando em minha cabeça graças a uma amiga que vive falando-a. É uma palavra bonita, cheia de sonoridade e a amiga aplica para detalhar a forma de cantar de alguns de seus ídolos musicais, o que gera uma conotação super positiva dentro desse contexto. Eu, no entanto, curiosa que só eu e já doida pra escrever alguma coisinha no blog (Aproveitar que a internet tá funcionando. Não recomendo a GVT, apenas.) começo a pensar num título bacana, aproveitando a graça que o povo do trabalho faz com meu estilo "blogueira" de ser. Então me deparo com um significado interessante para a palavra.


"Firula, sm., sig. de 'simulação que visa iludir'.
Pode significar, no futebol, fazer lances ou jogadas que mesmo bonitas, não tem objetivo prático.
Fazer firula: "Fazer bonito", mas empregado no sentido depreciativo do termo.
Firula: Ato sem sentido que se presta a confundir ou apenas criar uma noção errada de quem a emprega.
Fingir que faz.".




http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/firula/1242/


Interessante não?

Confesso que jamais havia pensado profundamente sobre o que vinha a ser firula e apesar de ter uma certa familiaridade com o termo (ao ler o exemplo do futebol) não lembro de conhecê-lo. Mas o fato é que assim como no futebol, na música, a vida que vivemos está repleta de firulas (dê a essa palavra a conotação que achar melhor). Quantos acessórios bonitos estão a nos ornar neste momento, mas que de fato não representam nada além do estético? De quantos disfarces, maquiagens, cortes de cabelo, alisamentos, etc, nos valemos para parecermos algo que não somos? Quais artifícios nos levam a simular atitudes, sentimentos, pensamentos, modos de ser e viver?
Escrevo isso lembrando do quanto me chateei ao chegar no trabalho hoje e perceber que a minha franja não tava legal. Quantas vezes nossos dias são estragados por não termos uma chapinha na bolsa? Quantos xingamentos interiores (ou não) nos direcionamos por ter esquecido de colocar um brinco? Quão inadequados nos sentimos por não carregarmos uma maquiagem na bolsa para poder retocar o cansaço ao longo do dia? Tudo isso parece simples e eu posso ser exagerada ao levantar essas questões, mas não acho que seja esse o caso.

O caso é que estamos/somos bombardeados por uma cultura de firulas. Vivemos condicionados a responder determinadas expectativas sociais. E em meio a isso, não poucas vezes, nos apagamos e deixamos o espírito "firulesco" falar por nós. Já não somos, nem permitimos ser, o que grita em nós. Nos dominamos, colocamos a maquiagem da moda, uma roupa "cool" e atuamos. Não que isso seja ruim, mas o que de nós realmente deixamos transparecer em nossas relações?

E eu me pergunto sempre essas coisas... Quem sou eu no meio disso tudo? E, ao contrário do que o povo brincalhão do trabalho diz, não sou uma moça com corte de cabelo moderno, metropolitana, blogueira e que anda de metrô (kkkkkkkkkkkkk). Sou também, mas sou muito mais. Por enquanto ainda estou me descobrindo e me enfeitando um pouco mais - com menos firulas e mais Amanda.

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