Há quinze dias eu estava sem esperança e pedia ao universo uma resolução de algo que eu não conseguia mais carregar. Hoje eu olho para o espelho, encaro meu olhar de desapontamento e digo: Calma, você faz o que pode, nem tudo depende de você.
E a vida é assim. A cada dia são apresentadas infinitas situações e nós as respondemos como podemos e sabemos. E naquilo que sabemos fazemos o nosso melhor. E naquilo que não sabemos certamente cometemos falhas. Mas nem tudo depende de nós.
Eu sei que sou responsável pelo que faço e pelo que permito que façam comigo, mas hoje também percebo que existe uma infinidade de situações que não dependem de mim. Ontem eu diria: "poxa, isso sempre acontece comigo! Não aguento mais! Ah, como sou triste, infeliz, imatura, blá blá blá." Hoje eu simplesmente me pergunto: "Por que isso está se repetindo? Como eu posso fazer para resolver essa situação?"
E diante das muitas coisas mal resolvidas que cumulam no meu extrato vital, se acumulando de um dia para o outro, eu simplesmente peço perdão e peço a Deus, ao universo, às forças internas e às energias da natureza que me ajudem a ressignificar. Se for possível, que eu possa chegar a uma solução favorável, senão, que eu saiba colocar meus pontos finais e aprender a continuar escrevendo minha história.
Às vezes insistimos em escrever com determinada caneta, aquela que é a nossa favorita, acontece que no meio da carta a tinta da caneta acaba. E agora? Eu vejo três opções: 1) continuar escrevendo com outra caneta; 2) recomeçar a escrever toda a carta com outra caneta; 3) desistir da carta e fazer outra coisa. O quanto escrever essa carta é importante para mim? O quanto vale a pena insistir para inteirá-la? Quais as consequências de desistir de escrevê-la em minha vida e na vida dos demais?
Conhecendo um pouco mais de mim, sei que tentaria outra opção, e que ela seria não desistir da primeira caneta: insistiria com a caneta favorita, tentaria de tudo para consertá-la antes de jogá-la fora. Porque eu simplesmente não consigo desistir de algo com facilidade, o que é teimosia e perda de tempo/ energia muitas vezes. Mas sou assim, e antes de apelar para outra caneta, tentaria descartar toda e qualquer possibilidade de continuar meus escritos com a primeira.
Eu acredito que cada sonho que nos move já é uma realidade em outra dimensão. E se sonhamos deve ser porque aquilo já é real de alguma forma, embora não seja palpável ou perceptível na dimensão objetiva em que vivemos. Muitas vezes nos questionamos sobre nossos sonhos, sobre a real motivação que nos move em sua direção. Nos tornamos inseguros e incrédulos quando aquilo que a gente mais sonha não se torna real e muitas vezes abandonamos sonhos e vida pela metade.
Talvez, como disse antes, minha teimosia seja desperdício, mas pode ser também que ela seja fundamental para que eu não desista dos meus sonhos, não desista da minha essência. Na dimensão lógico-racional que predomina no meu dia a dia existe uma incisiva crítica quanto ao meu modo de ser, às minhas incongruências e ao meu jeito contraditório de agir/ pensar. No entanto, graças ao meu trabalho de desenvolvimento pessoal e autoconhecimento, outra parte se revelou: uma dimensão intuitiva, criativa, amorosa, espiritual. Uma dimensão que acredita, sabe-se lá porquê, e que insiste. Uma dimensão que olha além do que se vê. E que muitas vezes recebe rótulos de insanidade, afinal "aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam ouvir a música".
Hoje, assim como há quinze dias, eu me peguei triste, ansiosa, desolada. E talvez por isso eu tenha resolvido escrever. Resolvi colocar em perspectiva, numa tela em branco, tudo aquilo que me move por optar insistir nos meus sonhos. E, dessa maneira, sou levada a olhar bem no fundo de mim e me dar mais um voto de confiança. Acreditar, alimentar o espírito, tornar leve o meu jugo. Em optar, por hoje, a fazer faxina na alma, na casa e onde mais for necessário. E escolher por encarar meus medos bem nos olhos e dizer: não adianta, eu não vou desistir. Eu sei o que eu quero, e sei que mereço isso, você não vai me atrapalhar de novo. E, por fim, a esperar... Ninguém disse que ia ser rápido ou fácil, mas eu sei que vale a pena. Como eu sei? Segredo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário