O Ho'oponopono consiste em apagar memórias de sofrimento compartilhadas com determinadas pessoas e em determinadas situações, através do auxílio do Divino Criador e dos nossos centros de memória, principalmente do centro de memórias afetivas. Desta forma é possível dar novo significado a um antigo trauma e se liberar de tal peso. É um processo espiritual, que envolve questões pessoais e subjetivas e que pode causar muita inquietação e mal-estar inicialmente.
Apesar de já conviver com o "Eu sou 100% responsável pelo que me acontece" desde o ano passado, só agora parei para realmente estudar e entender em que consiste o método. E, para mim, tem sido de uma eficácia ímpar. Situações e pessoas que me evocavam memórias de rejeição fortíssimas tem sido revisitadas e ressignificadas.
Você pode perguntar:
- Amanda, é instantâneo?
E eu te digo:
- Não. Não mesmo.
Como tudo nada vida, é processual. Leva tempo e requer perseverança e atenção.
Esses dias ouvi de alguém muito querido para mim o quanto de lembranças ruins ele tinha a meu respeito, de como tudo aquilo o havia afastado de mim. Fiquei com isso na cabeça. Depois de horas e horas dedicadas à limpeza de memórias de sofrimento, lembrei de uma conversa que tive com minha irmã caçula há uns meses.
Conversávamos sobre a necessidade que eu e a outra irmã víamos, diante de alguns comportamentos expressos por ela, de ela procurar auxílio psicoterápico. Nisso comecei a falar sobre a separação dos nossos pais ocorrida há seis anos. E de repente, minha irmã começou a mudar completamente a expressão facial, denotando muita dor física, e a chorar, chorar muito (coisa que ela não faz nunca), além de articular as palavras, mas não emitir qualquer som. Me aproximei e comecei a abraçá-la, a dizer que tudo ficaria bem, que já tinha passado e tudo mais. Quando ela voltou a si, contei minha versão da história, posto que na época eu estava morando com eles e acompanhei tudo de muito perto.
Ela simplesmente não aceitava o que eu contava imparcialmente. Não lembrava do adoecimento subsequente de nossa mãe, do fato de eu ficar o tempo todo com ela, tentando distraí-la. Não lembrava da participação do meu pai, do desenrolar dos fatos e de outros pormenores. Ela tinha 11 anos na época, mas eu não acredito que ela tenha esquecido. Acredito que ela selecionou os fatos para criar em sua cabeça uma história que fizesse sentido para ela.
E foi assim: meu pai abandonando-a. Ela sofrendo sozinha. Minha mãe sofrendo sozinha. Ela sequer lembrava que eu estava lá. Eu ouvi a história bestificada, enquanto calmamente contava as partes que a mente dela ocultou. Aos poucos a situação se acalmou e conseguimos convencê-la a comparecer à consulta com a psicóloga.
Então, disso me ficou muito forte a compreensão de que nossas memórias são selecionadas de acordo com nossos traumas e com o papel que assumimos na história de nossas vidas. Colecionando essas histórias tristes, tão reais e absolutas para nós, mas tão tendenciosamente falsas para quem estava ao nosso lado na ocasião, vamos construindo uma intrincada teia de relações, de traumas e de dores que nos impedem de nos relacionarmos harmoniosamente com os outros e com nós mesmos e que, na mesma medida, só reafirma a autoimagem que temos de nós.
Muito dessa compreensão tem me ajudado nos últimos dias a iniciar o processo reescrever minhas memórias, a percorrer minhas lembranças da infância, dando-lhes um pouco de luz e liberando-as de minha mente. Tenho percebido que a criança que eu fui se machucou muito, porque ela era apenas uma criança, mas que hoje eu, adulta, tenho a capacidade de voltar lá atrás e abraçar essa criança e acalmar essa criança e amar essa criança para poder seguir meu caminho de adulta em paz, com uma bagagem bem mais leve.
Como diz o Pe. Domingos, nós temos a possibilidade de revivermos nossa infância, mas dessa segunda vez não poderemos colocar a culpa em ninguém, é de nossa exclusiva responsabilidade.
_ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _ . _
Hoje é importante entender que nem tudo o que a mente te fala é o certo, que toda ansiedade e agitação que te impedem de se concentrar naquilo que realmente importa são memórias perigosas, se deixares que elas te escravizem. É preciso olhar para dentro de si e libertar tudo aquilo que precisa de perdão, assim como apagar tudo aquilo que não tem qualquer valia. Seguir em frente é importante, mas antes é preciso resolver essas pendências que te aprisionam ao sofrimento da sua criança interior. Só assim poderás ser pleno, curado e preparado para aquilo ao qual foste chamado nesta vida.
Deixo alguns links que recomendo para quem tiver interesse de se aproximar do Ho'oponopono, de conhecer e experimentar essa técnica maravilhosa e o meu abraço cheio de amor e gratidão.
Eu sinto muito.
Me perdoe.
Te amo.
Sou grata.
Nenhum comentário:
Postar um comentário