"Você é confusa demais".
A voz ainda ecoa. O olhar vazio de desprezo ainda dói em mim. Mas passa...
E eu fico repetindo que passa, sempre passa e que isso não me pode fazer desistir.
Foram anos e anos de desistências, de desconfianças, de repetições do mantra da inadequação.
E eu me pergunto, o que tem mais?
Será que a vida toda vai ser assistir a repetição dessa mesma lenga lenga?
Será mesmo que sou tão insuportável assim?
Eu duvido.
Acho que minha autoestima hoje está um pouco melhor.
Não consigo entender como é que alguém se chateia e vai embora sem paciência alguma com alguém que possivelmente gosta.
Fugir de complicações. Simplificar.
Engraçado que é o meu lema atual, mas é mais complicado do que me esconder do mundo e das possibilidades.
Eu não sei se consigo ser a pessoa simples interiormente como sou exteriormente.
Eu não sei como avançar para um abraço, para um beijo, para uma conexão íntima se tiver que fazer isso só.
Hoje eu não queria estar só. Cheguei a pedir. O que considero humilhante ao extremo.
Aprendi que a vida passa rápido e que não se deve deixar quem se gosta ir embora sem ao menos tentar.
Não sei se tentei, mas pedi para ficar.
Porém hoje sei que existem momentos em que por mais que doa ver o outro partir, é preciso ficar e assumir a rédea das coisas.
Começar, recomeçar, cair, chorar, machucar?
Hoje não. Hoje não quero drama. Hoje não acredito em milagres. Hoje não vou alimentar a mocinha romântica que vive em mim.
Vou ficar só.
Mas vou ficar comigo.
É difícil encontrar comprometimento hoje em dia.
É difícil encontrar alguém que de fato queira ficar, mesmo em meio aos turbilhões emocionais, à confusão, à complicação, às cicatrizes do outro.
O esperado é que você seja perfeita, simétrica, bem resolvida, inteligente, com autoestima e um palavreado sujo para aquelas horas.
Mas o que mais?
Acho que sou idealista demais para os padrões contemporâneos.
Assim eu fico aqui, cheia de ideias, de sonhos, de desejos, de saudades.
Trancada.
Não tenho com quem compartilhá-los (ainda).
Porque abrir a porta para o outro nem sempre é como se gostaria.
Porque abraçar nem sempre é reconfortante.
Porque olhar nos olhos pode fazer a alma perecer.
Dor e contentamento.
Hoje eu quero ficar só.
Esquecer o mundo lá fora.
Esquecer o que ganhei e o que perdi.
Esquecer o que joguei fora e das vezes em que fui jogada nas sarjetas existenciais.
Não exagero.
Mas hoje prefiro simplesmente contemplar os fatos e deixá-los passar.
Não me doer, não chorar, não lamentar, apenas aceitar.
Desde 2008/2009 carrego comigo a frase do Shinyashiki, "Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio. Quem não quer fazer nada, encontra uma desculpa".
E hoje eu não vou me desculpar, não vou procurar justificativas nem explicações.
Hoje vou segurar minha mão bem forte, uma presa à outra, e vou me aceitar.
São tantos os que batem à porta, querendo algo em troca, um "retorno" qualquer.
São tão poucos os que realmente se importam e conseguem enxergar além de suas próprias necessidades.
Desta vez prometo não desanimar, apenas deixar pra lá.
Deixar que o vento cubra as palavras que foram escritas na praia, que a areia trate de cobrir a areia.
Deixar que eu me ajude a ressignificar o que não foi bom, mas também o que foi e, ainda, o que pode ser.
Preciso me aceitar, me respeitar.
E seguir adiante.
Vou conhecer alguém que me aceite de verdade, com tudo o que sou.
Mas antes, vou continuar a me conhecer.
E quero deixar uma indicação de leitura. Este é um livro que recomendo a todos que conheço e que quero bem. Um livro tão simples e tão extraordinário que me acompanhou ao longo de algumas frustrações e muitos aprendizados. Nem sei quantas vezes o li, mas sei que sempre encontro algo novo para me inspirar.
Desta vez não será diferente!
Vamos lá, Amanda!
A vida é muito curta para não amar e ser amada.
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