Minha amiga me contava a sinopse de um filme quando citou a frase que, segundo ela, norteava o sentido da história: "É preciso perder para ganhar". O cara do filme perdia o céu, mas ganhava o amor de sua mulher.
Eu estou aqui tão chocada com o desenrolar deste dia que só consigo chorar e agradecer a Deus. Jorge Bucay me diz, através de seu livro (*Quando me conheci) que "quando o discípulo está pronto, o mestre aparece". E eu não consigo acreditar em outra coisa neste momento.
Conheci um cara legal, que me deixou tão fascinada quanto assustada. Nos desentendemos. Depois de quatro dias sem uma palavra sequer e de alguma insistência de minha parte, ele me mandou uma mensagem hoje que meio que findava a situação.
Hoje é dia dos pais. Tenho um histórico de relacionamentos fracassados, não sei lidar com essa coisa toda. Vivi com meus pais até os 18 anos, mas era como se vivesse entre estranhos, não existia relação, diálogo, troca, amor. Eu sempre sonhava com os modelos de mãe e pai que via na TV, mas nunca pude vislumbrar nem de longe isso em minha história.
Cresci com o sentimento de rejeição, exterior, mas também interior. Não me sentindo boa o suficiente para nada. Nunca pude contar com meus pais para nada além do sustento material. Nunca. Hoje a vida me surpreendeu imensamente. Fazem cinco anos que meus pais se separaram e desde então meu pai vive com outra companheira.
Essa senhora acaba de me ligar e me propõe algo inédito: desejar feliz dia dos pais ao meu pai. Eu tremi por dentro, tive medo. Ela lhe passou o telefone e eu fiz, muito sem jeito, muito assustada, muito criança que não sabe como dizer o que sente, foi mecânico, mas eu consegui. Desliguei o mais rápido que pude e voltei a respirar.
Ela me liga novamente e conversamos. Me fala sobre o quanto ele sente minha falta, do orgulho que tem por eu ter estudado e construído minha vida com dignidade e esforço. Ela me lembra do meu valor e me faz sentir novamente pertencente a uma família. Falo da terapia, da minha dificuldade de me relacionar, do meu sentimento constante de rejeição. Ela me consola e me acolhe.
A vida prega peças a todo momento. Nunca imaginei receber tal ligação, tal afeto, tal carinho. Nunca me senti tão livre, liberta, leve. Um grito preso no peito por quase 30 anos que sai, em forma de choro e que me abre para tantas possibilidades que eu nem consigo calcular neste instante.
Como não ter fé? Como não acreditar que Deus existe? Como não me render ao amor de Deus e me deixar convencer de seu cuidado e carinho por mim? Como não olhar para todo o caminho que me resta e tentar fazê-lo melhor do que foi até agora?
Essa vida é muito boa e já não me sinto só. Tenho amigos que são como irmãos, agora tenho uma família - humilde, simples, diferente de mim, mas tenho - e sei que o amor está para chegar. Eu não tenho medo de enfrentar meus fantasmas. Só tenho medo de ver a vida passar e continuar estagnada, mas este definitivamente não é o meu caso. Que venha o amor e que me ensine, agora estou preparada.
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