"Quando nada parece dar certo, vou ver o cortador de pedras martelando sua rocha talvez 100 vezes, sem que uma única rachadura apareça. Mas na centésima primeira martelada a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela que conseguiu isso, mas todas as que vieram antes".
(Jacob Riis)
Perco a conta das caixas de lenços de papel que tive de comprar nessa vida. Pior que isso. Não consigo fazer uma aproximação justa da quantidade de lágrimas desperdiçadas com causas e pessoas sem valor. Ops! Na verdade, essa percepção "desvalorizada" das causas e pessoas pelas quais já chorei geralmente chega atrasada. Explico. Às vezes, muitas das vezes, eu me acabo de chorar e fazer drama, me desespero e vivo um luto intenso para só depois fazer uma avaliação mais justa e ressignificar a dor da perda.
Em mim parece que dói mais a sensação de perder do que, de fato, o afastamento/a extinção de determinada relação ou situação. Acredito que isso tem a ver com o olhar, relativamente trágico, com que enxergo as relações. Digamos que as perdas que já vivi me fizeram condicionada para não acreditar na manutenção de nada. Entretanto, e contraditoriamente, a cada nova perda eu sofro, não simplesmente pela perda em si, mas pela repetição de todo um ciclo.
Aí vem a proposta da Gestalt-Terapia de fazer com que o sujeito (no caso eu) se aperceba. Mas, e porque tudo tem um "mas", não consigo até agora perceber o que me leva a associar uma perda com a outra. Será a sensação de rejeição e abandono? Será a perspectiva de perpetuidade desse ciclo de desejar, ter e perder? Será a falta de autoconfiança? Como romper isso? Como quebrar essa pedra?
Então me deparo com uma infinidade de interrogações para as quais minhas conjecturas não conseguem responder satisfatoriamente. Tenho andado entre pedras, mas por mais que eu tenha aprendido com as perdas, parece que ainda estou longe demais para superá-las. Sigo martelando por aqui, uma hora ou outra, elas hão de ceder. São tempos difíceis para os cortadores de pedras...
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