terça-feira, 5 de novembro de 2013

Para exorcizar (ou não) o cansaço...

Algumas pessoas me cansam. Termino o dia com esta constatação e com a cabeça fervilhando de raiva, de indignação, de abuso. Algumas pessoas abusam do direito de serem idiotas, inconvenientes, sem noção, estúpidas e outros mais (muitos outros mais).

A vida é uma correria louca, na qual nos equilibramos entre obrigações, vontades, metas, expectativas (nossas e dos outros). Só que às vezes percebemos simplesmente que não dá para equilibrar todos os interesses e papéis sociais, pois em alguns casos eles são conflitantes.

Hoje tentei trabalhar em um grupo reflexivo, mediado pela leitura de contos, noções de responsabilidade e empatia. Para minha surpresa, foi só terminar a atividade, já realizando outra tarefa, constato que para um dos sujeitos participantes do grupo (diga-se de passagem o mais participativo e, aparentemente, mais consciente da discussão) mostra que é muito fácil falar, mas na hora em que atitudes são testadas tudo vai por água abaixo.

Episódios como esse tiram um pouco mais da minha, já pequena, fé em alguns seres humanos. A atividade em questão foi realizada no serviço em que trabalho, um centro de tratamento do SUS para usuários de drogas. Imaginar que esses sujeitos já carregam consigo rótulos negativos e pesadíssimos, faz com que eu me esmere a cada dia para tentar contribuir com uma reflexão, uma palavra motivadora, uma nova oportunidade. Propiciar verdadeiramente um espaço de reconstrução, de questionamento cultural e discussão de valores que norteiam a vida, de forma geral, é algo que impulsiona meu agir profissional.

Porém pessoas como essa, da pior forma possível, mostram que realmente são merecedores de tantos estigmas. Ação e reação. Simples assim. Na vida todos nós temos escolhas. Por mais que a minha visão de assistente social me mostre que existem muitas desigualdades e tantos outros fatores que "justificam" tais comportamentos, na crueza da minha vida e na vida de tantos outros, sei que às vezes realmente é preciso aprender a fazer limonada com os limões que recebemos e não apenas reclamar, roubar, usar drogas, matar e se colocar como vítima da história (são vítimas sim, mas não só isso).

Sei que é um desabafo forte e até mesmo ambivalente, mas como falei antes, algumas pessoas realmente me cansam. E, para mim, essas que não sabem o que querem são as principais. Então mesmo ainda estando p. da vida, ensaio no espelho uma forma de abordar o brutamontes estúpido que me violentou verbalmente hoje e de driblar todo esse cansaço humano-existencial com um pouco de coragem, serenidade e exercícios de respiração.

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