Um dos fatos mais chocantes da vida é aquele momento, aquele justo e doloroso momento, em que nos tornamos conscientes das projeções que estabelecemos em nossos relacionamentos com os outros. Perdoem-me a forma genérica e pluralizada que assumo para lhes escrever neste momento. Mas de certa forma eu quero não ser a única a me comportar dessa maneira e, escrevendo assim, sinto que posso criar cumplicidade com meus leitores.
O fato é que tenho percebido que as projeções estão presentes e que justamente o que mais me incomoda em minhas trocas com outras pessoas é principalmente o que há de mais recalcado dentro de mim. Já imaginaram a complicação disso? Imaginar que tudo aquilo que mais me incomoda e me tira do sério nas outras pessoas, são características mal resolvidas em mim. Nossa, eis uma constatação chocante e, mais do que isso, um incômodo.
Como lidar com o fato de nos desentendermos e nos afastarmos de pessoas que se portam de determinada forma, justamente por nos sentirmos incomodados por sermos de alguma forma do mesmo jeito? Como lidar com a falta de aceitação de si que acaba por se refletir nas relações com o exterior? Se tudo o que não integramos, de alguma forma, é "expulso de dentro de nós", como lidar com essas catarses e descontroles?
Sei que a tomada de consciência dessas situações é crucial no processo de superação das mesmas, mas às vezes me bate uma insegurança tamanha. A necessidade de controle fala mais alto e a imprevisibilidade desses fenômenos assusta. Há quem diga que terapia é luxo, que é modinha, mas mais do que nunca percebo que é necessária.
O processo de tomada de consciência e autoconhecimento não é pontual, mas processual e não tem fim. Às vezes a bagunça é tão grande que não damos conta desse processo sozinhos, mais do que nunca eu reconheço o valor da Psicologia nesse meu caminho. Assim, mais do que problematizar e externalizar esses estranhamentos e dúvidas que me cercam, aprendo a olhar para eles e perceber que de certa forma isso faz parte de quem sou. Aos poucos vou costurando esses pedaços e me entendendo um pouco melhor, me tornando inteira de verdade...
É bem isso mesmo...Osho quando faz a analogia dos espelhos não aprofunda que às vezes repelimos imediatamente as imagens que projetamos de nós mesmo por não as reconhecer, e com frequência apontarmos a outrem.
ResponderExcluir